quinta-feira, março 27, 2008

 

Que saudade eu tenho da Bahia



Tive 4 avós baianas. Duas paternas: vó Deolinda (mãe de meu pai, que não cheguei a conhecer), vó Olinta (que o criou) e duas maternas: vó Lili (mãe de minha mãe) e vó Nozinha (tia de minha mãe, que a criou, desde os 6 meses de idade). Hoje, nenhuma delas está viva. Ontem, à tardinha, recebemos a notícia de que minha vó Nozinha, com 95 anos, havia falecido. Leonor, Maria Leonor era o seu nome. Ela estava internada no hospital, já há alguns dias, com suspeita de pneumonia, tinha tido alguns AVCs, nos últimos meses, estava debilitada, pela idade, e já não reconhecia quase ninguém (dediquei, uma vez, um post a ela).
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Íamos, anualmente, durante toda a minha infância e adolescência, à Bahia. Meus pais nasceram lá. Meu pai, em Ilhéus, minha mãe em Itabuna, no sul do estado. Lembro-me, claramente, da emoção que tinha quando entrávamos na região cacaueira, das plantações intermináveis que ladeavam a estrada, o cheiro bom que penetrava na janela do carro. E, ao chegarmos à cidade, sentíamos, vindo dos armazéns que estocavam o cacau, aquele aroma das sementes secas e trituradas pra serem vendidas pro feitio do chocolate. Emoção igual, acho, nunca tive. Minha memória olfativa é evidente. .
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É uma sensação estranha saber que alguém querido partiu e não pudemos nos despedir... Fui, no início do ano de 2004, pra lá, sozinha. Sabia qu’ela já não estava bem. Trouxe minha mãe de volta da sua estadia anual na Bahia. Foi quando a vi pela última vez.
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Saudade da Bahia, do cheiro do cacau (nas plantações, barcaças & armazéns), dos meus primos, tios, avós, da minha infância. Saudade do meu pai, que não está com a gente já há 10 anos. Saudade do meu passado, que, às vezes, se funde com meu presente, quando recebo uma notícia assim.
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(Maria Leonor Monteiro, junho 1913/março 2008)
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.Saudade da Bahia
(Dorival Caymmi)
Intérprete: Gilberto Gil


Ai, ai que saudade eu tenho da Bahia
Ai, se eu escutasse o que mamãe dizia
"Bem, não vá deixar a sua mãe aflita
A gente faz o que o coração dita
Mas esse mundo é feito de maldade e ilusão"
Ai, se eu escutasse hoje não sofria
Ai, esta saudade dentro do meu peito
Ai, se ter saudade é ter algum defeito
Eu, pelo menos, mereço o direito
De ter alguém com quem eu possa me confessar
Ponha-se no meu lugar
E veja como sofre um homem infeliz
Que teve que desabafar
Dizendo a todo mundo o que ninguém diz
Vejam que situação
E vejam como sofre um pobre coração
Pobre de quem acredita
Na glória e no dinheiro para ser feliz



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Você já foi à Bahia?
(Dorival Caymmi)


Você já foi à Bahia, nêga?
Não? Então vá!
Quem vai ao Bonfim, minha nêga,
Nunca mais quer voltar
Muita sorte teve
Muita sorte tem
Muita sorte terá
Você já foi à Bahia, nêga?
Não? Então vá!

Lá tem vatapá! Então vá!
Lá tem caruru! Então vá!
Lá tem mungunzá! Então vá!
Se quiser sambar! Então vá!

Nas sacadas dos sobrados
Da velha São Salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do imperador
Tudo isso na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito
Que nenhuma terra tem

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Eu Vim da Bahia
(Gilberto Gil)

Eu vim
Eu vim da Bahia cantar
Eu vim da Bahia contar
Tanta coisa bonita que tem
Na Bahia, que é meu lugar
Tem meu chão, tem meu céu, tem meu mar
A Bahia que vive pra dizer
Como é que faz pra viver
Onde a gente não tem pra comer
Mas de fome não morre
Porque na Bahia tem mãe Iemanjá
De outro lado o Senhor do Bonfim
Que ajuda o baiano a viver
Pra cantar, pra sambar pra valer
Pra morrer de alegria
Na festa de rua, no samba de roda
Na noite de lua, no canto do mar
Eu vim da Bahia
Mas eu volto pra lá
Eu vim da Bahia
Mas algum dia eu volto pra lá

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Onde o Rio é mais baiano
(Caetano Veloso)

A Bahia,
Estação primeira do Brasil
Ao ver a Mangueira nela inteira se viu,
Exibiu-se sua face verdadeira
Que alegria
Não ter sido em vão que ela expediu
As Ciatas pra trazerem o samba pra o Rio
(Pois o mito surgiu dessa maneira).

E agora estamos aqui
Do outro lado do espelho
Com o coração na mão
Pensando em Jamelão no Rio Vermelho
Todo ano, todo ano
Na festa de Iemanjá
Presente no dois de fevereiro
Nós aqui e ele lá
Isso é a confirmação de que a Mangueira
É onde o Rio é mais baiano.

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terça-feira, março 25, 2008

 

Tarde demais para esquecer



Depois de falar de alguns remakes americanos de filmes estrangeiros (no post anterior), lembrei-me que os americanos fazem também remakes de seus próprios filmes, quando não uma, duas vezes.
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Isto aconteceu com o inesquecível “Tarde demais para esquecer” [An affair to remember, 1957, direção de: Leo McCarey, com Cary Grant & Deborah Kerr], refilmagem, do mesmo diretor, de “Duas vidas” [Love affair, 1939, com Charles Boyer & Irene Dunne], que teve ainda uma nova roupagem em “Love affair – Segredos do coração” [Love affair, 1994, direção de: Glenn Gordon Caron, com Warren Beatty, Annette Bening & Katharine Hepburn]. Quem assistiu à comédia romântica “Sintonia de amor”, [Sleepless in Seattle, 1993, direção de: Nora Ephron, com Tom Hanks, Meg Ryan & Ross Malinger] pôde ver referências constantes à trilha sonora e ao filme An affair to remember.
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Nat King Cole gravou a canção título da segunda versão deste clássico. Gravou também Sturdust, usada na ótima trilha sonora de Sleepless in Seattle. Jimmy Durante (qu’eu jurava ser a voz de Louis Armstrong) canta a deliciosa canção final deste filme, que acaba, alusão à An affair to remember, no Empire State Building, em Nova York.


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An affair to remember
(Harry Warren, Harold Adamson & Leo McCarey)

Our love affair is a wondrous thing
That we'll rejoice in remembering
Our love was born with our first embrace
And a page was torn out of time and space

Our love affair, may it always be
A flame to burn through eternity
So take my hand with a fervent prayer
That we may live and we may share
A love affair to remember
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Stardust
(Hoagy Carmichael & Mitchell Parish)


And now the purple dusk of twilight time
Steals across the meadows of my heart
High up in the sky the little stars climb
Always reminding me that were apart

You wander down the lane and far away
Leaving me a song that will not die
Love is now the stardust of yesterday
The music of the years gone by

Sometimes I wonder why I spend
The lonely night dreaming of a song
The melody haunts my reverie
And I am once again with you
When our love was new
And each kiss an inspiration
But that was long ago
Now my consolation
Is in the stardust of a song

Beside a garden wall
When stars are bright
You are in my arms
The nightingale tells his fairy tale
A paradise where roses bloom
Though I dream in vain
In my heart it will remain
My stardust melody
The memory of loves refrain
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Make someone happy
(Betty Comden, Adolph Green & Jule Styne)

It's so important
To make someone happy
Make just one someone happy
Make just one heart the heart you sing to
One smile that cheers you
One face that lights when it nears you
One girl you're ev'rything to

Fame if you win it
Comes and goes in a minute
Where's the real stuff in life to cling to?
Love is the answer
Someone to love is the answer
Once you've found her, build your world around her
Make someone happy
Make just one someone happy
And you will be happy, too
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domingo, março 09, 2008

 

Cinema & vídeo





Fomos assistir, no cine Jaraguá, em Campinas, "A vida dos outros" [Das Leben der Anderen, The lives of others, 2006], um filme alemão, muito bom, tenso, dramático, com a atriz Martina Gedeck, que fez também "Simplesmente Martha" [Bella Martha, Mostly Martha, 2001], com o ator italiano Sergio Castellitto, uma deliciosa história sobre gastronomia, solidão e paixão (disponível em DVD).
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Foi lançada, recentemente, uma versão americana, com Catherine Zeta-Jones & Aaron Eckhart, "Sem Reservas" [No Reservations, 2007], charmosa, vá lá, pelos protagonistas, mas não tão autêntica, sensível e delicada como a versão alemã. Vale checar as duas, assistindo, primeiro, a original.
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Os americanos têm mania de copiar filmes estrangeiros... (os tais remakes)
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Fizeram isso com o ótimo filme japonês "Dança comigo?" [Shall We Dance?, 1996], que perdeu o sentido na versão americana homônima [Shall we dance?, 2004], já pela escolha do elenco: Richard Gere, Jennifer Lopez, Susan Sarandon & Stanley Tucci. Tente encontrar a versão japonesa e assista (nem precisa comparar).
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Fizeram isso com "Cidade dos Anjos" [City of Angels, 1998], considerada versão de "Asas do desejo" [Der Himmel ünder Berlin, Wings of desire, 1987], de Wim Wenders.
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Deste último, gosto muito do ator suíço Bruno Ganz, um dos anjos, que fez a encantadora comédia romântica franco-italiana "Pão e tulipas" [Pane e Tulipani, Bread and tulips, 2000], ao lado da atriz italiana Licia Maglietta, além do ótimo "A Queda - As Últimas Horas de Hitler" [Der Untergang, 2004], no qual a caracterização dele é perfeita.
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.Mas voltando ao “A vida dos outros”, que Arnaldo também comenta em seu blog, quando pesquisava sobre o ator principal, o ótimo Ulrich Mühe, pra minha surpresa, encontrei, na FOLHA online:
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25/07/2007 - 12h58
Ator Ulrich Mühe, protagonista de "A Vida dos Outros", morre aos 54

O ator alemão Ulrich Mühe, consagrado internacionalmente com "A Vida dos Outros", vencedor do último Oscar de melhor filme estrangeiro, morreu aos 54 anos de câncer, divulgou hoje sua família.
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Ulrich Mühe morreu no domingo (22) por causa de um câncer de estômago na localidade de Walbeck, perto de Leipzig (leste da Alemanha), informou a prefeita Brunhilde Vucke.

O ator tinha falado em público sobre a doença pela primeira vez há apenas alguns dias. Mühe foi submetido a uma operação estomacal pouco depois de retornar à Alemanha da cerimônia de entrega do prêmio Oscar, realizada em fevereiro, em Los Angeles.
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Ulrich Mühe foi destaque da cena
teatral da antiga Alemanha Oriental

O Oscar de melhor filme estrangeiro dado a "A Vida dos Outros", dirigido por Florian Henckel-Donnersmarck, representou um grande triunfo para Mühe, um dos líderes da cena teatral da extinta Alemanha Oriental e uma popular figura da TV e do cinema depois da queda do Muro de Berlim, em 1989.

A história, ambientada em 1984, é protagonizada por Mühe, no papel de um agente da Stasi (a polícia secreta da Alemanha Oriental) encarregado de espionar um casal de artistas.

No filme, o próprio Mühe pôde reviver parte de sua própria biografia.

Assim como o personagem do filme descobre que sua mulher se "vendeu" à Stasi, Mühe também acusou sua ex-mulher Jenny Groellmann, atriz como ele, de ter trabalhado para a polícia secreta.

Mühe era casado pela terceira vez com a também atriz Susanne Lothar e tinha cinco filhos.

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http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u314967.shtml



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