quarta-feira, janeiro 16, 2008

 

O Rei & Deus



E por falar no “Rei” e nas canções qu'ele não gravou, eis um comentário do Gil sobre a criação de “Se eu quiser falar com Deus”:

O Roberto me pediu uma canção; do que eu vou falar? Ele é tão religioso – e se eu quiser falar de Deus? E se eu quiser falar com Deus? Com esses pensamentos e inquirições feitas durante uma sesta, dei início a uma exaustiva enumeração: 'Se eu quiser falar com Deus, tenho que isso, que aquilo, que aquilo outro'. E saí. À noite voltei e organizei as frases em três estrofes.

O que chegou a mim como tendo sido a reação dele, Roberto Carlos, foi que ele disse que aquela não era a idéia de Deus que ele tem. 'O Deus desconhecido'. Ali, a configuração não é a de um Deus nítido, com um perfil claro, definido. A canção (mais filosofal, nesse sentido, do que religiosa) não é necessariamente sobre um Deus, mas sobre a realidade última; o vazio de Deus: o vazio-Deus.

[extraído do livro "Todas as letras" – Gilberto Gil / Organização: Carlos Rennó, 1996, Cia das Letras, p. 240]
..

Se eu quiser falar com Deus
Gilberto Gil
1980


Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mau tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

.

Mas Elis gravou e ficou perfeita! No songbook do Gil (vol. 2 - 1992), a interpretação é de Gal Costa, acompanhada, ao teclado, por Cristóvão Bastos. No CD Piano & voz (2003), Pedro Mariano canta, acompanhado do pai.
























Comments:
Adoro essa música,adoro.
Nada contra o Robertão...mas REI pra mim....é o Elvis,oh,yeah...rsrsr
beijos e saudades.
Acabei de te mandar email.
 
Clélia querida!
Saudade de ti e tuas músicas, mas a corrida tá demais. Me propus a visitar nem que seja dois ou três blogs por dia.
Só que não tenho vontade de sair daqui...vou ficar escutando essa música que eu adoro com a Elis.

Bjim.
 
Recebi seu e-mail, Vivien. Respondo, assim que conversar com o Arnaldo. Ele está fora do ar (em reunião). 'brigadão, de qquer forma, pelo convite!

bjo gde,
Clé
 
Oi, Rosa! Saudade de você também... Ouça, à vontade, todas as versões! A minha preferida, de qquer forma, é também a da Elis.

bjão,
Clé
 
Gosto do Roberto Carlos cantando, mas quando ele abre a boca pra falar, sai de baixo. Pensando bem, o nosso ministro não fica muito longe disso. O melhor é que cada um deles fique só no terreno da música.
 
Pois é...
 
Clélia,
Apesar dos estilos diferentes, gosto do Roberto Carlos, Elis Regina (e da filha) e do Gilberto Gil. Sou eclética,não é????
Bjs
 
Oi, Maria Helena

Também sou a favor da diversidade! Dá pra gostar de um monte de gente de uma x só...

bjo,
valeu a visita!
 
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