sexta-feira, janeiro 04, 2008

 

Atendendo a um pedido



O blogueiro Diego pediu qu’eu mostrasse esta canção do Chico, em parceria com Dominguinhos. Devo confessar que nunca prestei muita atenção nela (apesar de conhecê-la). Fui, então, pesquisar: Chico a gravou no CD “As cidades” (1998) e em "Chico ao vivo" (1999). Dominguinhos, no CD "Dominguinhos ao vivo" (2001). Elba Ramalho, no CD "Baião de dois" (2005). Em todas as gravações a sanfona é de Dominguinhos. Sobre ele, aliás, Arnaldo já falou em seu blog..
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Xote de navegação
Dominguinhos & Chico Buarque/1998


Eu vejo aquele rio a deslizar
O tempo a atravessar meu vilarejo
E, às vezes, largo
O afazer
Me pego em sonho
A navegar

Com o nome Paciência
Vai a minha embarcação
Pendulando como o tempo
E tendo igual destinação
Pra quem anda na barcaça
Tudo, tudo passa
Só o tempo não

Passam paisagens furta-cor
Passa e repassa o mesmo cais
Num mesmo instante eu vejo a flor
Que desabrocha e se desfaz
Essa é a tua música
É tua respiração
Mas eu tenho só teu lenço
Em minha mão

Olhando meu navio
O impaciente capataz
Grita da ribanceira
Que navega pra trás
No convés, eu vou sombrio
Cabeleira de rapaz
Pela água do rio
Que é sem fim
E é nunca mais
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Disco: “As cidades”
Voz: Chico Buarque
Arranjo & violão: Luiz Cláudio Ramos
Arranjo & acordeom: Dominguinhos
Baixo: Jorge Helder
Violino: Ricardo Amado
Bandolim: José Menezes








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*Acrescento as observações do próprio Diego:

Essa música é uma preciosidade. É cheia de sutilezas.
Logo no início, Chico apresenta o Rio e o Tempo. Analisando calmamente a segunda estrofe, percebe-se que o Rio e o Tempo são a mesma coisa. Substitua o "tempo" por "rio", e veja o efeito...
Na terceira estrofe, Chico poderia ter dito apenas "Estou me lembrando de você". Mas ele é o Chico...
Na quarta, o navio, de nome Paciência, vira o impaciente capataz - que o afasta dela. E novamente, substitua "rio" por "tempo" nessa estrofe e veja o efeito...
Belíssimo, não?
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Há outra composição envolvendo esta parceria (Chico & Dominguinhos), gravada no disco “Chico Buarque” (1984) e no CD “Dominguinhos ao vivo” (2001). A música foi composta e enviada para Roberto Carlos gravar. Ele ficou com a fita durante muito tempo, mas acabou não gravando. Especula-se que o motivo seja o fato de haver palavras estrangeiras na letra e isso, segundo o cantor, seria incompreensível para o seu público. É uma pena. Certamente, esta canção ficaria bonita na voz do “Rei”.
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Tantas palavras
Dominguinhos & Chico Buarque/1983

Tantas palavras
Que eu conhecia
Só por ouvir falar, falar
Tantas palavras
Que ela gostava
E repetia
Só por gostar

Não tinham tradução
Mas combinavam bem
Toda sessão ela virava uma atriz
Give me a kiss, darling
Play it again


Trocamos confissões, sons
No cinema, dublando as paixões
Movendo as bocas
Com palavras ocas
Ou fora de si
Minha boca
Sem que eu compreendesse
Falou c
'est fini
C'est fini


Tantas palavras
Que eu conhecia
E já não falo mais, jamais
Quantas palavras
Que ela adorava
Saíram de cartaz

Nós aprendemos
Palavras duras
Como dizer perdi, perdi
Palavras tontas
Nossas palavras
Quem falou não está mais aqui
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Disco: "Chico Buarque"
Voz: Chico Buarque
Acordeom: Dominguinhos
Violão, piano & arranjo: Cristovão Bastos
Teclados: Hugo Fattoruso

Disco: "Dominguinhos ao vivo"
Voz: Dominguinhos
Gravado no Teatro do SESC Pompéia, São Paulo (dias 25 e 26 de março, de 2000)



Comments:
Muito Obrigado, Clélia!
Essa Música é uma preciosidade.
É cheia de sutilezas.
Logo no início, Chico apresenta o Rio e o Tempo. Analisando calmamente a segunda estrofe, percebe-se que o Rio e o Tempo são a mesma coisa. Substitua o "tempo" por "rio", e veja o efeito...

Na terceira estrofe, Chico poderia ter dito apenas " Estou me lembrando de você". Mas ele é o Chico...

Na quarta, o navio de nome Paciência, vira o impaciente capataz - que o afasta dela. E novamente, substitua rio por tempo nessa estrofe e veja o efeito...

Belíssimo, não?

Obrigado! Um grande abraço!
 
Caro Diego,

Estive fora do ar por uns dias... minha mãe ficou hospitalizada em conseqüência de um AVC, que comprometeu a fala. Agora, já está em casa, se recuperando.

Gostei das suas observações, você deve ter notado que as acrescentei, inclusive, ao post.

bjo gde,
Clé
 
Ô, Clé... Também estive fora uns dias, especificamente em BH, e imagino que esse início de ano esteja sendo um tanto difícil pra vocês.

Deixo meu abraço solidário!
 
Diego,

Estivemos em BH, um ou dois anos atrás, concluindo o roteiro histórico das cidades mineiras (Tiradentes, São João Del Rei, Ouro Preto, Congonhas, Mariana, Diamantina...). Adoramos a cidade (culturalmente agitada), mas a disposição das mãos das ruas é algo de enlouquecer qualquer motorista! Estávamos de carro, e eu dirigia pro Arnaldo, com mapa em punho, me guiar. Era estressante, pois, se errássemos uma entrada, dançávamos! Tínhamos de dar uma P volta... Mas foi muuuuuuuito legal!

O início de ano 'tá brabo, mesmo. Mas a gente dá a volta por cima!

bjão,
Clé
 
adorei tudo! adoro a Tantas palavras, não sabia que tinha sido enviada ao roberto.

orbigada pelo email de ano novo, estive de férias e hoje que consegui te visitar aqui!

muita saúde, amor e paz pra você neste ano que se inicia!
beijos
 
Valeu, Grazi! Espero que tenha curtido bem suas férias...

Desejo o mesmo a você!

bjão,
Clé
 
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