domingo, dezembro 02, 2007
Jardim de inverno
Vivo sempre com um livro nas mãos, pra cima e pra baixo. Em fila de banco; em sala de espera de consultório médico, dentista, sessão de fisioterapia (e afins); em mesa de padaria e confeitaria; avião (nas raras viagens que faço). Só não leio em carro e ônibus, pois sinto dor de cabeça e mal-estar. Explico isso, porque perdi meu livro “Um baiano romântico e sensual”, de Zélia Gattai e filhos, João & Paloma Amado [Record, 2002], e, junto com ele, um caderno de anotações. O livro é repleto de fotos ótimas, qu’eu selecionei e iria usá-las em mais um post da Zélia, falando do exílio, na Tchecoslováquia. Transcrevo, então, o texto extraído do livro “Jardim de Inverno” [de 1988, reeditado pela Record, em 2005], sem ilustrações, apenas com a foto de Zélia e sua câmara fotográfica em punho:
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“(...) Hóspedes da União de Escritores Tchecos, fomos recebidos no aeroporto, em Praga, por um grupo de escritores, entre eles Jan Drda, nosso amigo e presidente da entidade. Kuchválek, companheiro desde a primeira visita à Tchecoslováquia, nosso tradutor, também lá estava, firme. (...)
Passamos uma semana em Praga antes de nos instalarmos no Castelo dos Escritores, junto a uma pequena cidade, Dobris, a uns quarenta e tantos quilômetros de Praga.”
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“(...) Hóspedes da União de Escritores Tchecos, fomos recebidos no aeroporto, em Praga, por um grupo de escritores, entre eles Jan Drda, nosso amigo e presidente da entidade. Kuchválek, companheiro desde a primeira visita à Tchecoslováquia, nosso tradutor, também lá estava, firme. (...)
Passamos uma semana em Praga antes de nos instalarmos no Castelo dos Escritores, junto a uma pequena cidade, Dobris, a uns quarenta e tantos quilômetros de Praga.”
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História madura
O outono partira, o inverno chegara, a neve caía (...).
No silêncio do castelo imenso e deserto, livre de telefonemas e de visitas, isolados do mundo, Jorge começara a escrever um romance. Ainda em Paris ele me falara nesse projeto: "O livro está maduro em minha cabeça..." Tema palpitante, Os subterrâneos da liberdade contaria da luta do povo brasileiro contra a ditadura do Estado Novo, ditadura cujas conseqüências Jorge sofrera na própria carne, problema que vivera intensamente.
Tratei logo de conseguir uma máquina de escrever, indispensável para o meu trabalho de passar a limpo e tirar cópias dos originais do livro. Mas, ao sentar-me pela primeira vez diante da máquina emprestada, me senti perdida. O danado do teclado, além de ter as letras em posições diferentes daquelas a que eu estava habituada, não possuía til nem cê cedilhado, substituídos por outros acentos estranhos à nossa língua. Até conseguir dominá-Ia eu ia ter que apanhar muito. O pior era que eu só podia trabalhar à noite, depois de adormecer João, já cansada de correr atrás dele o dia todo.
(...) Chovesse ou fizesse sol – e fazia muito frio no início daquele inverno –, eu pulava da cama ao primeiro resmungo de meu filho, habituado a acordar cedo. Rápida, tratava de vesti-lo e saíamos do quarto num passo de gato, evitando fazer barulho para não despertar o pai, muitas vezes varando a noite no trabalho.
Nas andanças com João Jorge por ali tudo, fui tomando intimidade com o castelo, descobrindo seus segredos, seus meandros; já identificava seus habitantes, conhecia mais de perto a cidade.
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Fim de outono
Certa manhã, ainda no fim do outono, ao voltarmos do passeio habitual no bosque, nos deparamos com uma grande movimentação no jardim. Sob o olhar vivo e atento de Marvan, gerente do castelo, homens carregando tábuas, munidos de martelos e pregos, pregavam as tábuas em torno das esculturas de pedra que enfeitavam o jardim. Em três tempos, o enorme touro atacado por cães, os cavalos, a figura de Hércules exibindo sua força e os anjos sobre pedestais nos topos das escadarias desapareceram dentro dos imensos caixões que iam sendo fabricados, com uma rapidez incrível, pelos competentes operários.
De repente tudo ficou triste e desolador com aqueles monstrengos levantados em meio aos canteiros, canteiros ressentidos pelo frio, despidos de plantas e de flores. Não consegui descobrir o que significava aquele rebuliço no jardim; Marvan não falava outra língua a não ser o tcheco, e sua habilidade na mímica não era das mais brilhantes. De Marvan não arrancaria nada, devia bater noutra freguesia se quisesse matar minha curiosidade. Divisei ao longe o velho Otokar Suhy caminhando lentamente, apoiado na bengala, na sua costumeira elegância, de sobretudo preto, chapéu de aba reta, as longas barbas brancas. Otokar Suhy chegava na hora certa. Não tive paciência de esperar que ele se aproximasse; fui ao seu encontro. O velho então me contou que a revolução no jardim se repetia todos os anos, no início do inverno, antes que a neve tombasse; providência tomada a fim de evitar rachaduras nas esculturas, decorrentes do frio e do contato com a neve.
Aposentado, homem fino, o velho Otokar exercera, quando jovem, funções diplomáticas em Paris, o que lhe rendera um francês impecável e maneiras cavalheirescas. O velho escritor – ele escrevia livros infantis – residia em Praga mas costumava passar os meses frios de inverno no Castelo dos Escritores, onde teria calefação garantida. O carvão andava escasso e racionado em todo o país, e quem dependesse do aquecimento de radiadores a carvão não podia contar com calor permanente; já o zámek - castelo, em tcheco – era quase todo equipado com chauffage central. Eu nunca ousei perguntar ao meu fidalgo amigo a sua idade, mas comentava-se que ele já passara, havia muito, dos oitenta anos. Nos encontrávamos em passeios matinais e trocávamos gentilezas. O velho era a minha tábua de salvação, sempre às ordens para servir de intérprete e explicando-me coisas que por vezes me intrigavam.
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"Pane" Marie e sua princesa
Ao longe avistei pane Marie vindo em minha direção. Sorridente ela se aproximava, a cabeça alva protegida do frio por um xale de lã florado, preso sob o queixo. Andava ligeiro – lépida para os seus oitenta anos confessados – entre os canteiros do jardim coberto de neve. Acenou-me com um objeto embrulhado em papel pardo, agitando-o ao alto. Pelo formato do embrulho, deduzi tratar-se do retrato emoldurado da princesa Coloredo Mansfeld – ex-proprietária do castelo de Dobris –, oferecido a pane Marie, sua lavadeira de toda a vida.
Na véspera, pane Marie se referira a ele. Não vou contar vantagem: do que a velha me dissera não havia entendido metade. Pescara uma palavra aqui, outra ali, chegando à conclusão de que ela desejava mostrar-me o tal retrato.
Eu já me hospedara outras vezes no castelo de Dobris, passando curtas temporadas, mas morar mesmo, de residência fixa, era a primeira vez. Num ambiente onde só se falava o tcheco, eu tratava de me esforçar para aprender um idioma, sem, no entanto, lograr grandes progressos. Língua mais complicada, avara em vogais e pródiga em declinações, criava confusão em minha cabeça habituada às línguas latinas, mas isso não me impedia de ir avante. Aprendera uma boa dezena de palavras e decorara frases indispensáveis a um mínimo de entendimento no trato diário com as pessoas. Tornava-me, isso sim, mestra em deduzir e tirar conclusões. Dessa vez, a do bate-papo na véspera com pane Marie, nem me custara esforço compreendê-Ia. Em Dobris, quem não tinha visto ainda o famoso retrato da princesa, conservado pela lavadeira como relíquia, exibido por ela a Deus e ao mundo? De pane Marie me haviam dado o serviço completo, sobretudo me falaram de sua devoção aos ex-patrões. Por isso eu nem estranhara quando, dias antes, ela me levara a pulso à igreja defronte ao castelo. Seu objetivo era mostrar-me no teto do templo os ex-patrões retratados em pintura colorida, cercados de anjos e de rosas. Ao vê-Ia embevecida apontar as figuras do casal de príncipes, pude dar-me conta do enorme e sincero carinho da ex-empregada pelos amos.
Pane Marie foi se chegando e dando bom-dia:
_ Dobry den, pane Amadova.
Pane Amadova: esse tratamento eu já não estranhava, achava até natural, ou melhor, já não achava nada. Atendia com naturalidade. Afinal de contas, sabia que pane significava senhora e Amadova era declinação de Amado. Quanto a dobry queria dizer bom, e den, dia. Fácil.
_ Dobry den, pane Mane - respondi.
A velha fez uma rápida festinha na cabeça de João e em seguida, sem dizer nada, ligeiramente excitada, abriu o embrulho, afastando o papel com toda a delicadeza. Eu acertara: lá estava ela, a princesa, princesa como manda o figurino, de coroa, brocados e rendas, no regaço um cãozinho refestelado, orelhinhas de pé, olhos acesos, em pose adequada para uma foto oficial.
Lavadeira da princesa, de antiga e estreita intimidade com as finas lingeries da patroa, pane Marie merecera não apenas uma cópia do retrato emoldurado como também, oh, suprema honra!, dedicatória de próprio punho. Ela trabalhara para sua ama até o último momento. Chorava, um pranto sentido, ao recordar aquele triste dia em que a vira partir para sempre, rumo à França.
Os príncipes Coloredo Mansfeld haviam dividido as habitações do castelo com os invasores nazistas durante a ocupação da Tchecoslováquia, mas não se dispuseram a compartilhá-Io com os novos intrusos. O governo socialista destinara aos escritores o belo zámek. Lá eles iriam trabalhar, passar os fins de semana e as férias com suas famílias. Inconformados com a invasão de seus domínios, os príncipes preferiram partir, abandonar a propriedade, a ocupar apenas uma ala do castelo, como lhes fora proposto. Partiram levando imensa bagagem e deixando para trás o coração de pane Marie despedaçado.
A velha lavadeira se aposentara, mas costumava dizer que, aposentada ou não, suas mãos nunca mais iriam lavar anáguas de seda nem esfregar fundos de calcinhas que não fossem as de sua princesa.
Vivendo na casa que sempre ocupara, em Dobris, a uma centena de metros do castelo, sempre que podia dava uma passada por lá, vinha matar as saudades. Saudades da casa, certamente, pois tudo fora mudado, nem mesmo a antiga criadagem permanecera. Os novos empregados gostavam da velha, os escritores faziam-lhe muita festa e divertiam-se ouvindo-a contar histórias dos "bons tempos", como costumava dizer.
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O limpa-chaminés
Foi João quem o avistou primeiro e se alvoroçou: montado numa bicicleta, lá vinha um personagem bastante estranho: magro, todo de preto, roupa de malha colante, na cabeça um gorro enterrado, gorro em forma de funil cuja longa ponta tombava de lado. Pendurado no ombro ele trazia um rolo de fio de aço. Atrás de sua bicicleta corriam as crianças dos Prochaska, porteiros do zámek. Excitado, João soltou-se de minha mão e correu, também ele, a incorporar-se ao bando. Tratava-se de um limpa-chaminés, chamado para verificar e desentupir, se fosse o caso, as chaminés do castelo, pois já era tempo de acenderem as lareiras dos salões, únicos lugares onde a calefação central era insuficiente. Perito em galgar telhados, leveza incrível, o homem foi subindo, subindo cada vez mais, até atingir a chaminé principal.
Inédita para mim, a operação me encantava. Ficaria ali acompanhando as manobras até o fim, mas não pude. Os sinos da igreja repicaram e a criançada saiu em carreira desenfreada para o portão da rua, João com eles, em busca de outra atração, talvez mais palpitante do que a do limpa-chaminés. Os sinos da igreja anunciavam a aproximação de um enterro. (...)
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Jardim de inverno
Os domínios de pan Hruby, responsável pela administração do grande e belo parque do castelo de Dobris, situavam-se nos limites entre o jardim e o bosque. Numa singela casinha branca, cortinas de renda sobre os vidros da janela, vasos de flores no parapeito, pan Hruby vivia com a mulher, moça simpática, e dois filhinhos. Um tanque com peixinhos vermelhos separavam sua casa de um amplo e bonito jardim de inverno, destinado ao cultivo de flores em vasos, construção dos templos dos príncipes. Numa estufa rústica, levantada por suas próprias mãos, estendiam-se leiras de verduras e legumes.
O jardineiro era um homem risonho, mas de poucas palavras. Gentil como ele só, não se esforçava, no entanto, para entender meu tcheco arrevesado; respondia às minhas indagações com um sorriso e, quando muito, meneava a cabeça.
Ao voltar dos passeios no bosque, eu costumava passar pelo jardim de inverno e pela estufa. Acompanhava, passo a passo, o desenvolver das plantas nos vasinhos, o surgir dos botões que iam aumentando a cada dia, inchando, estufando até explodirem em flores coloridas. Acompanhava com maior interesse o crescimento lento dos legumes. Ai, que desespero! Como demoravam a tomar corpo as cenouras, os nabos e os rabanetes...
Algumas vezes eu perdia a paciência e tentava convencer o jardineiro a arrancar os legumes da terra antes de estarem completamente formados. Nessas ocasiões ele me compreendia perfeitamente, dizia não com o dedo, me confundia e derrotava. Jamais consegui demover o testarudo de seu princípio: tudo tem seu tempo certo. O jeito era me resignar, e eu me resignava.
Não somente o interesse de acompanhar o desabrochar das flores e o crescimento dos legumes me levava com certa constância às plantações de pan Hruby. Lá dentro, abafada pela ausência do ar puro, em meio a flores se abrindo no calor artificial, eu imaginava coisas, sonhava, procurava me encontrar... Aconteceu mesmo ocorrer-me um dia a idéia de comparar o nosso exílio a um cativeiro, imenso e abafado jardim de inverno. Recordei-me até, num momento de maior nostalgia, de um verso que eu declamara em criança: “A ave presa em gaiola não pode cantar assim / é como a flor que se estiola longe do fresco jardim...” E por que essa tola comparação? O exílio seria mesmo um cativeiro? Seríamos por acaso flores que se estiolavam longe do fresco jardim? Achei graça da maluquice! Voltar para nosso país seria a melhor coisa do mundo, claro que seria. Mas, naquela ocasião, o Brasil não era um fresco jardim. Longe disso.
Essas reflexões só podiam ter uma explicação: saudades, saudades imensas de meu filho que ficara no Brasil, saudades de minha gente, de minha terra. Extravasamento de melancolia contida, única definição para os sentimentos que me ocorriam nos domínios de pan Hruby. Assim me parecia então.
História madura
O outono partira, o inverno chegara, a neve caía (...).
No silêncio do castelo imenso e deserto, livre de telefonemas e de visitas, isolados do mundo, Jorge começara a escrever um romance. Ainda em Paris ele me falara nesse projeto: "O livro está maduro em minha cabeça..." Tema palpitante, Os subterrâneos da liberdade contaria da luta do povo brasileiro contra a ditadura do Estado Novo, ditadura cujas conseqüências Jorge sofrera na própria carne, problema que vivera intensamente.
Tratei logo de conseguir uma máquina de escrever, indispensável para o meu trabalho de passar a limpo e tirar cópias dos originais do livro. Mas, ao sentar-me pela primeira vez diante da máquina emprestada, me senti perdida. O danado do teclado, além de ter as letras em posições diferentes daquelas a que eu estava habituada, não possuía til nem cê cedilhado, substituídos por outros acentos estranhos à nossa língua. Até conseguir dominá-Ia eu ia ter que apanhar muito. O pior era que eu só podia trabalhar à noite, depois de adormecer João, já cansada de correr atrás dele o dia todo.
(...) Chovesse ou fizesse sol – e fazia muito frio no início daquele inverno –, eu pulava da cama ao primeiro resmungo de meu filho, habituado a acordar cedo. Rápida, tratava de vesti-lo e saíamos do quarto num passo de gato, evitando fazer barulho para não despertar o pai, muitas vezes varando a noite no trabalho.
Nas andanças com João Jorge por ali tudo, fui tomando intimidade com o castelo, descobrindo seus segredos, seus meandros; já identificava seus habitantes, conhecia mais de perto a cidade.
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Fim de outono
Certa manhã, ainda no fim do outono, ao voltarmos do passeio habitual no bosque, nos deparamos com uma grande movimentação no jardim. Sob o olhar vivo e atento de Marvan, gerente do castelo, homens carregando tábuas, munidos de martelos e pregos, pregavam as tábuas em torno das esculturas de pedra que enfeitavam o jardim. Em três tempos, o enorme touro atacado por cães, os cavalos, a figura de Hércules exibindo sua força e os anjos sobre pedestais nos topos das escadarias desapareceram dentro dos imensos caixões que iam sendo fabricados, com uma rapidez incrível, pelos competentes operários.
De repente tudo ficou triste e desolador com aqueles monstrengos levantados em meio aos canteiros, canteiros ressentidos pelo frio, despidos de plantas e de flores. Não consegui descobrir o que significava aquele rebuliço no jardim; Marvan não falava outra língua a não ser o tcheco, e sua habilidade na mímica não era das mais brilhantes. De Marvan não arrancaria nada, devia bater noutra freguesia se quisesse matar minha curiosidade. Divisei ao longe o velho Otokar Suhy caminhando lentamente, apoiado na bengala, na sua costumeira elegância, de sobretudo preto, chapéu de aba reta, as longas barbas brancas. Otokar Suhy chegava na hora certa. Não tive paciência de esperar que ele se aproximasse; fui ao seu encontro. O velho então me contou que a revolução no jardim se repetia todos os anos, no início do inverno, antes que a neve tombasse; providência tomada a fim de evitar rachaduras nas esculturas, decorrentes do frio e do contato com a neve.
Aposentado, homem fino, o velho Otokar exercera, quando jovem, funções diplomáticas em Paris, o que lhe rendera um francês impecável e maneiras cavalheirescas. O velho escritor – ele escrevia livros infantis – residia em Praga mas costumava passar os meses frios de inverno no Castelo dos Escritores, onde teria calefação garantida. O carvão andava escasso e racionado em todo o país, e quem dependesse do aquecimento de radiadores a carvão não podia contar com calor permanente; já o zámek - castelo, em tcheco – era quase todo equipado com chauffage central. Eu nunca ousei perguntar ao meu fidalgo amigo a sua idade, mas comentava-se que ele já passara, havia muito, dos oitenta anos. Nos encontrávamos em passeios matinais e trocávamos gentilezas. O velho era a minha tábua de salvação, sempre às ordens para servir de intérprete e explicando-me coisas que por vezes me intrigavam.
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"Pane" Marie e sua princesa
Ao longe avistei pane Marie vindo em minha direção. Sorridente ela se aproximava, a cabeça alva protegida do frio por um xale de lã florado, preso sob o queixo. Andava ligeiro – lépida para os seus oitenta anos confessados – entre os canteiros do jardim coberto de neve. Acenou-me com um objeto embrulhado em papel pardo, agitando-o ao alto. Pelo formato do embrulho, deduzi tratar-se do retrato emoldurado da princesa Coloredo Mansfeld – ex-proprietária do castelo de Dobris –, oferecido a pane Marie, sua lavadeira de toda a vida.
Na véspera, pane Marie se referira a ele. Não vou contar vantagem: do que a velha me dissera não havia entendido metade. Pescara uma palavra aqui, outra ali, chegando à conclusão de que ela desejava mostrar-me o tal retrato.
Eu já me hospedara outras vezes no castelo de Dobris, passando curtas temporadas, mas morar mesmo, de residência fixa, era a primeira vez. Num ambiente onde só se falava o tcheco, eu tratava de me esforçar para aprender um idioma, sem, no entanto, lograr grandes progressos. Língua mais complicada, avara em vogais e pródiga em declinações, criava confusão em minha cabeça habituada às línguas latinas, mas isso não me impedia de ir avante. Aprendera uma boa dezena de palavras e decorara frases indispensáveis a um mínimo de entendimento no trato diário com as pessoas. Tornava-me, isso sim, mestra em deduzir e tirar conclusões. Dessa vez, a do bate-papo na véspera com pane Marie, nem me custara esforço compreendê-Ia. Em Dobris, quem não tinha visto ainda o famoso retrato da princesa, conservado pela lavadeira como relíquia, exibido por ela a Deus e ao mundo? De pane Marie me haviam dado o serviço completo, sobretudo me falaram de sua devoção aos ex-patrões. Por isso eu nem estranhara quando, dias antes, ela me levara a pulso à igreja defronte ao castelo. Seu objetivo era mostrar-me no teto do templo os ex-patrões retratados em pintura colorida, cercados de anjos e de rosas. Ao vê-Ia embevecida apontar as figuras do casal de príncipes, pude dar-me conta do enorme e sincero carinho da ex-empregada pelos amos.
Pane Marie foi se chegando e dando bom-dia:
_ Dobry den, pane Amadova.
Pane Amadova: esse tratamento eu já não estranhava, achava até natural, ou melhor, já não achava nada. Atendia com naturalidade. Afinal de contas, sabia que pane significava senhora e Amadova era declinação de Amado. Quanto a dobry queria dizer bom, e den, dia. Fácil.
_ Dobry den, pane Mane - respondi.
A velha fez uma rápida festinha na cabeça de João e em seguida, sem dizer nada, ligeiramente excitada, abriu o embrulho, afastando o papel com toda a delicadeza. Eu acertara: lá estava ela, a princesa, princesa como manda o figurino, de coroa, brocados e rendas, no regaço um cãozinho refestelado, orelhinhas de pé, olhos acesos, em pose adequada para uma foto oficial.
Lavadeira da princesa, de antiga e estreita intimidade com as finas lingeries da patroa, pane Marie merecera não apenas uma cópia do retrato emoldurado como também, oh, suprema honra!, dedicatória de próprio punho. Ela trabalhara para sua ama até o último momento. Chorava, um pranto sentido, ao recordar aquele triste dia em que a vira partir para sempre, rumo à França.
Os príncipes Coloredo Mansfeld haviam dividido as habitações do castelo com os invasores nazistas durante a ocupação da Tchecoslováquia, mas não se dispuseram a compartilhá-Io com os novos intrusos. O governo socialista destinara aos escritores o belo zámek. Lá eles iriam trabalhar, passar os fins de semana e as férias com suas famílias. Inconformados com a invasão de seus domínios, os príncipes preferiram partir, abandonar a propriedade, a ocupar apenas uma ala do castelo, como lhes fora proposto. Partiram levando imensa bagagem e deixando para trás o coração de pane Marie despedaçado.
A velha lavadeira se aposentara, mas costumava dizer que, aposentada ou não, suas mãos nunca mais iriam lavar anáguas de seda nem esfregar fundos de calcinhas que não fossem as de sua princesa.
Vivendo na casa que sempre ocupara, em Dobris, a uma centena de metros do castelo, sempre que podia dava uma passada por lá, vinha matar as saudades. Saudades da casa, certamente, pois tudo fora mudado, nem mesmo a antiga criadagem permanecera. Os novos empregados gostavam da velha, os escritores faziam-lhe muita festa e divertiam-se ouvindo-a contar histórias dos "bons tempos", como costumava dizer.
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O limpa-chaminés
Foi João quem o avistou primeiro e se alvoroçou: montado numa bicicleta, lá vinha um personagem bastante estranho: magro, todo de preto, roupa de malha colante, na cabeça um gorro enterrado, gorro em forma de funil cuja longa ponta tombava de lado. Pendurado no ombro ele trazia um rolo de fio de aço. Atrás de sua bicicleta corriam as crianças dos Prochaska, porteiros do zámek. Excitado, João soltou-se de minha mão e correu, também ele, a incorporar-se ao bando. Tratava-se de um limpa-chaminés, chamado para verificar e desentupir, se fosse o caso, as chaminés do castelo, pois já era tempo de acenderem as lareiras dos salões, únicos lugares onde a calefação central era insuficiente. Perito em galgar telhados, leveza incrível, o homem foi subindo, subindo cada vez mais, até atingir a chaminé principal.
Inédita para mim, a operação me encantava. Ficaria ali acompanhando as manobras até o fim, mas não pude. Os sinos da igreja repicaram e a criançada saiu em carreira desenfreada para o portão da rua, João com eles, em busca de outra atração, talvez mais palpitante do que a do limpa-chaminés. Os sinos da igreja anunciavam a aproximação de um enterro. (...)
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Jardim de inverno
Os domínios de pan Hruby, responsável pela administração do grande e belo parque do castelo de Dobris, situavam-se nos limites entre o jardim e o bosque. Numa singela casinha branca, cortinas de renda sobre os vidros da janela, vasos de flores no parapeito, pan Hruby vivia com a mulher, moça simpática, e dois filhinhos. Um tanque com peixinhos vermelhos separavam sua casa de um amplo e bonito jardim de inverno, destinado ao cultivo de flores em vasos, construção dos templos dos príncipes. Numa estufa rústica, levantada por suas próprias mãos, estendiam-se leiras de verduras e legumes.
O jardineiro era um homem risonho, mas de poucas palavras. Gentil como ele só, não se esforçava, no entanto, para entender meu tcheco arrevesado; respondia às minhas indagações com um sorriso e, quando muito, meneava a cabeça.
Ao voltar dos passeios no bosque, eu costumava passar pelo jardim de inverno e pela estufa. Acompanhava, passo a passo, o desenvolver das plantas nos vasinhos, o surgir dos botões que iam aumentando a cada dia, inchando, estufando até explodirem em flores coloridas. Acompanhava com maior interesse o crescimento lento dos legumes. Ai, que desespero! Como demoravam a tomar corpo as cenouras, os nabos e os rabanetes...
Algumas vezes eu perdia a paciência e tentava convencer o jardineiro a arrancar os legumes da terra antes de estarem completamente formados. Nessas ocasiões ele me compreendia perfeitamente, dizia não com o dedo, me confundia e derrotava. Jamais consegui demover o testarudo de seu princípio: tudo tem seu tempo certo. O jeito era me resignar, e eu me resignava.
Não somente o interesse de acompanhar o desabrochar das flores e o crescimento dos legumes me levava com certa constância às plantações de pan Hruby. Lá dentro, abafada pela ausência do ar puro, em meio a flores se abrindo no calor artificial, eu imaginava coisas, sonhava, procurava me encontrar... Aconteceu mesmo ocorrer-me um dia a idéia de comparar o nosso exílio a um cativeiro, imenso e abafado jardim de inverno. Recordei-me até, num momento de maior nostalgia, de um verso que eu declamara em criança: “A ave presa em gaiola não pode cantar assim / é como a flor que se estiola longe do fresco jardim...” E por que essa tola comparação? O exílio seria mesmo um cativeiro? Seríamos por acaso flores que se estiolavam longe do fresco jardim? Achei graça da maluquice! Voltar para nosso país seria a melhor coisa do mundo, claro que seria. Mas, naquela ocasião, o Brasil não era um fresco jardim. Longe disso.
Essas reflexões só podiam ter uma explicação: saudades, saudades imensas de meu filho que ficara no Brasil, saudades de minha gente, de minha terra. Extravasamento de melancolia contida, única definição para os sentimentos que me ocorriam nos domínios de pan Hruby. Assim me parecia então.
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[trechos extraídos do livro “Jardim de Inverno”, Zélia Gattai, pp. 12-13-14-15-16-18-19-20]
[trechos extraídos do livro “Jardim de Inverno”, Zélia Gattai, pp. 12-13-14-15-16-18-19-20]
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leira [Do b.-lat. larea]
Substantivo feminino
1. Sulco aberto na terra para receber a semente.
2. Canteiro entre dois regos, por onde corre água; alfobre, tabuleiro.
3. Pequeno campo cultivado.
4. Elevação de terra entre dois sulcos: “Nas leiras, dispostas com simetria agradável, verdejavam .... legumes de todas as castas” (Trindade Coelho, Os Meus Amores, p. 92).
.
arrevesado [Part. de arrevesar]
Adjetivo
1. Intrincado, confuso, obscuro.
2. Diz-se de vocábulo de pronúncia difícil.
.
arrevesar [De ar-1 + revés + -ar]
Verbo transitivo direto
1. Pôr ao revés, às avessas.
2. Dar sentido contrário a: Ele não disse tal coisa; quem o ouviu arrevesou suas palavras.
3. Tornar confuso, obscuro, intricado.
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menear [De manear, com assimilação]
Verbo transitivo direto
1. Mover de um para outro lado; manear: “A rapariga meneou a cabeça afirmativamente” (Aluísio Azevedo, O Cortiço, p. 204); “Três gregas de alvos pés, pubescentes e esguias, / Torcendo os corpos nus, donde acre aroma escapa, / Dançam meneando véus, flexíveis como enguias.” (Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, p. 69).
2. Mover com desenvoltura (braços, pernas, quadris); saracotear.
3. Manejar; manusear: menear um pincel.
4. Dirigir, gerir; administrar: menear negócios.
Verbo pronominal
5. Mover-se; mexer-se; agitar-se.
6. Mover-se de um para outro lado; oscilar; manear: “Também lá se meneia o cipreste / Sobre o corpo que à terra desceu.” (Alexandre Herculano, Poesias, p. 80.)
7. Saracotear-se, bambolear(-se). [Conjug.: v. frear. Pret. imperf. ind.: meneava, ... meneáveis, meneavam.]
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estiolar [Do fr. étioler]
Verbo transitivo direto
1. Causar estiolamento (1 e 2) a.
Verbo intransitivo
Verbo pronominal
2. Sofrer estiolamento (1 e 2): “A viúva envelhece de lágrimas e estiola como uma trepadeira queimada” (Fialho d’Almeida, Contos, p. 230).
3. Por extensão Sofrer estiolamento (3); debilitar-se, enfraquecer-se; definhar, finar-se: “Para que não crescesse [o anarquismo], como planta bem regada, e ao contrário se estiolasse, seria necessário que ele próprio se persuadisse, se não já da falsidade da sua idéia, ao menos da inutilidade das suas práticas” (Eça de Queirós, Ecos de Paris, p. 189).
leira [Do b.-lat. larea]
Substantivo feminino
1. Sulco aberto na terra para receber a semente.
2. Canteiro entre dois regos, por onde corre água; alfobre, tabuleiro.
3. Pequeno campo cultivado.
4. Elevação de terra entre dois sulcos: “Nas leiras, dispostas com simetria agradável, verdejavam .... legumes de todas as castas” (Trindade Coelho, Os Meus Amores, p. 92).
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arrevesado [Part. de arrevesar]
Adjetivo
1. Intrincado, confuso, obscuro.
2. Diz-se de vocábulo de pronúncia difícil.
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arrevesar [De ar-1 + revés + -ar]
Verbo transitivo direto
1. Pôr ao revés, às avessas.
2. Dar sentido contrário a: Ele não disse tal coisa; quem o ouviu arrevesou suas palavras.
3. Tornar confuso, obscuro, intricado.
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menear [De manear, com assimilação]
Verbo transitivo direto
1. Mover de um para outro lado; manear: “A rapariga meneou a cabeça afirmativamente” (Aluísio Azevedo, O Cortiço, p. 204); “Três gregas de alvos pés, pubescentes e esguias, / Torcendo os corpos nus, donde acre aroma escapa, / Dançam meneando véus, flexíveis como enguias.” (Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, p. 69).
2. Mover com desenvoltura (braços, pernas, quadris); saracotear.
3. Manejar; manusear: menear um pincel.
4. Dirigir, gerir; administrar: menear negócios.
Verbo pronominal
5. Mover-se; mexer-se; agitar-se.
6. Mover-se de um para outro lado; oscilar; manear: “Também lá se meneia o cipreste / Sobre o corpo que à terra desceu.” (Alexandre Herculano, Poesias, p. 80.)
7. Saracotear-se, bambolear(-se). [Conjug.: v. frear. Pret. imperf. ind.: meneava, ... meneáveis, meneavam.]
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estiolar [Do fr. étioler]
Verbo transitivo direto
1. Causar estiolamento (1 e 2) a.
Verbo intransitivo
Verbo pronominal
2. Sofrer estiolamento (1 e 2): “A viúva envelhece de lágrimas e estiola como uma trepadeira queimada” (Fialho d’Almeida, Contos, p. 230).
3. Por extensão Sofrer estiolamento (3); debilitar-se, enfraquecer-se; definhar, finar-se: “Para que não crescesse [o anarquismo], como planta bem regada, e ao contrário se estiolasse, seria necessário que ele próprio se persuadisse, se não já da falsidade da sua idéia, ao menos da inutilidade das suas práticas” (Eça de Queirós, Ecos de Paris, p. 189).
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estiolamento [De estiolar + -mento]
Substantivo masculino
1. Bot. Alteração mórbida das plantas que vegetam em lugar escuro ou são privadas da luz, e que se caracteriza pelo descoramento e amolecimento dos tecidos ao atingirem certo grau de crescimento; ensoamento.
2. Fisiol. Descoramento e enfraquecimento dos indivíduos que vivem privados da influência da luz e do ar puro.
3. Por extensão Definhamento, enfraquecimento, fraqueza.
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Substantivo masculino
1. Bot. Alteração mórbida das plantas que vegetam em lugar escuro ou são privadas da luz, e que se caracteriza pelo descoramento e amolecimento dos tecidos ao atingirem certo grau de crescimento; ensoamento.
2. Fisiol. Descoramento e enfraquecimento dos indivíduos que vivem privados da influência da luz e do ar puro.
3. Por extensão Definhamento, enfraquecimento, fraqueza.
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Como fundo musical, pensei em colocar Henri Salvador (Arnaldo falou sobre ele, uma vez, num post, no Baú de Tranqueiras) & Rosa Passos, cantando, respectivamente, “Jardin d’hiver” e sua versão, em português, “Jardim”:
Como fundo musical, pensei em colocar Henri Salvador (Arnaldo falou sobre ele, uma vez, num post, no Baú de Tranqueiras) & Rosa Passos, cantando, respectivamente, “Jardin d’hiver” e sua versão, em português, “Jardim”:
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Jardin d'hiver
(Keren Ann Zeidel & Benjamin Biolay)
Intérprete: Henri Salvador
CD: “Chambre avec vue”
Je voudrais du soleil vert
Des dentelles et des théières
Des photos de bord de mer
Dans mon jardin d'hiver
Je voudrais de la lumière
Comme en Nouvelle Angleterre
Je veux changer d'atmosphère
Dans mon jardin d'hiver
Ta robe à fleur
Sous la pluie de novembre
Mes mains qui courent
Je n'en peux plus de l'attendre
Les années passent
Qu'il est loin l'âge tendre
Nul ne peut nous entendre
Je voudrais du Fred Astaire
Revoir un Latécoère
Je voudrais toujours te plaire
Dans mon jardin d'hiver
Je veux déjeuner par terre
Comme au long des golfes clairs
T'embrasser les yeux ouverts
Dans mon jardin d'hiver
Ta robe à fleur
Sous la pluie de novembre
Mes mains qui courent
Je n'en peux plus de l'attendre
Les années passent
Qu'il est loin l'âge tendre
Nul ne peut nous entendre
(Keren Ann Zeidel & Benjamin Biolay)
Intérprete: Henri Salvador
CD: “Chambre avec vue”
Je voudrais du soleil vert
Des dentelles et des théières
Des photos de bord de mer
Dans mon jardin d'hiver
Je voudrais de la lumière
Comme en Nouvelle Angleterre
Je veux changer d'atmosphère
Dans mon jardin d'hiver
Ta robe à fleur
Sous la pluie de novembre
Mes mains qui courent
Je n'en peux plus de l'attendre
Les années passent
Qu'il est loin l'âge tendre
Nul ne peut nous entendre
Je voudrais du Fred Astaire
Revoir un Latécoère
Je voudrais toujours te plaire
Dans mon jardin d'hiver
Je veux déjeuner par terre
Comme au long des golfes clairs
T'embrasser les yeux ouverts
Dans mon jardin d'hiver
Ta robe à fleur
Sous la pluie de novembre
Mes mains qui courent
Je n'en peux plus de l'attendre
Les années passent
Qu'il est loin l'âge tendre
Nul ne peut nous entendre
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Eu só quero um sol verdinho
Pé de manga e de jasmim
Muita fita do Bonfim
Aqui no meu jardim
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Eu só quero um sol verdinho
Pé de manga e de jasmim
Muita fita do Bonfim
Aqui no meu jardim
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Eu só quero a luz marfim
Afastando o que é ruim
Respirar pirlimpimpim
Aqui no meu jardim
A chuva cai
Inundando o capim
Do mesmo céu
Vem você querubim
O tempo vai
Quanto tempo já foi
Ninguém mais
Só nós dois
Quero ouvir o passarinho
Sobiando Tom Jobim
Cachoeira e mar sem fim
Aqui no meu jardim
Quero um cheiro de alecrim
Tua beleza, Diadorim
E te ouvir dizer que sim
Aqui no meu jardim
A chuva cai
Inundando o capim
Do mesmo céu
Vem você querubim
O tempo vai
Quanto tempo já foi
Ninguém mais
Só nós dois
Comments:
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"Sous la pluie de novembre
Mes mains qui courent
Je n'en peux plus de l'attendre'"
(Adorei essa sugestão, adoro esse idioma - sonho de consumo!)
Como é bom voltar e ver muitíssimas novidades!!!
Sinto muito pela perda do livro! (Você já havia lido ele inteiro antes?)
Isso me lembra algo do tipo deixar livros em lugares quaisquer e dar ao destino a sorte de novos donos encontrar.
"Algumas vezes eu perdia a paciência e tentava convencer o jardineiro a arrancar os legumes da terra antes de estarem completamente formados"
Adorei a citação - mais um pouco de Zélia que absorvo, entrando aqui!
Beijos, querida!
:-]
Mes mains qui courent
Je n'en peux plus de l'attendre'"
(Adorei essa sugestão, adoro esse idioma - sonho de consumo!)
Como é bom voltar e ver muitíssimas novidades!!!
Sinto muito pela perda do livro! (Você já havia lido ele inteiro antes?)
Isso me lembra algo do tipo deixar livros em lugares quaisquer e dar ao destino a sorte de novos donos encontrar.
"Algumas vezes eu perdia a paciência e tentava convencer o jardineiro a arrancar os legumes da terra antes de estarem completamente formados"
Adorei a citação - mais um pouco de Zélia que absorvo, entrando aqui!
Beijos, querida!
:-]
Eli,
Eu tb adoro o francês, assim como o espanhol. Têm uma sonoridade deliciosa!
Bom tê-lo de volta por estas paragens... Vi seu comentário, hoje de madrugada, mas só agora consigo responder.
Não tinha lido o livro todo, não, estava me embevecendo com as fotos, antes! (queria usá-las no post)
Lembro-me que, num 11 de setembro, anos atrás, houve um movimento no sentido de se deixar um livro em algum lugar, pra que alguém (desconhecido) o pegasse. Você aderiu? Fiquei estudando lugares pra deixar, aqui perto de casa, mas acabei não o fazendo. A Bá, pelo que me contou, deixou uma porção de livros infantis, não me lembro, agora, aonde.
As histórias de Zélia sempre me tocam. Por sua simplicidade, honestidade, sensibilidade.
O limpador de chaminés remeteu-me a Mary Poppins (com Julie Andrews & Dick Van Dyke ).
Estive visitando seu blog, outro dia, vi que voltou a escrever, depois de toda a correria de final de ano. Não deixei recado. Vi as fotos, li os relatos. Parabéns pela formatura! Sucesso pra você!
bjo,
Clé
Eu tb adoro o francês, assim como o espanhol. Têm uma sonoridade deliciosa!
Bom tê-lo de volta por estas paragens... Vi seu comentário, hoje de madrugada, mas só agora consigo responder.
Não tinha lido o livro todo, não, estava me embevecendo com as fotos, antes! (queria usá-las no post)
Lembro-me que, num 11 de setembro, anos atrás, houve um movimento no sentido de se deixar um livro em algum lugar, pra que alguém (desconhecido) o pegasse. Você aderiu? Fiquei estudando lugares pra deixar, aqui perto de casa, mas acabei não o fazendo. A Bá, pelo que me contou, deixou uma porção de livros infantis, não me lembro, agora, aonde.
As histórias de Zélia sempre me tocam. Por sua simplicidade, honestidade, sensibilidade.
O limpador de chaminés remeteu-me a Mary Poppins (com Julie Andrews & Dick Van Dyke ).
Estive visitando seu blog, outro dia, vi que voltou a escrever, depois de toda a correria de final de ano. Não deixei recado. Vi as fotos, li os relatos. Parabéns pela formatura! Sucesso pra você!
bjo,
Clé
Clélia
Vim deixar um beijinho pra ti. Tô na bagunça e corrida louca. Quando posso passo num ou outro blog pra marcar presença.
Bjim.
Vim deixar um beijinho pra ti. Tô na bagunça e corrida louca. Quando posso passo num ou outro blog pra marcar presença.
Bjim.
Que bom receber sua visitinha rápida, Rosa! Nem dá muito tempo de ler e ouvir nada, né?
Boa reforma!
bjão,
Clé
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Boa reforma!
bjão,
Clé
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