terça-feira, agosto 07, 2007
O trânsito dilata as distâncias
BRIGADEIRO LUÍS ANTONIO - Os fios suspensos da eletricidade têm aparência de um grande bordado meio desmanchado. Abaixo deles, o trânsito. Em modo certamente cômico, o trânsito dilata as distâncias: se um carro poderia percorrer um quilômetro em poucos segundos, muitos carros juntos levam meia hora, uma hora, uma eternidade. Pensando bem, o trânsito é uma eternidade cheia de carros. (VINCENZO SCARPELLINI)
Associei estas palavras a duas canções:
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Transversal do tempo
(João Bosco & Aldir Blanc)
Intérpretes: Elis Regina
João Bosco & Toots Thielemans*
As coisas que eu sei de mim
São pivetes da cidade
Pedem, insistem e eu
Me sinto pouco à vontade
Fechada dentro de um táxi
Numa transversal do tempo
Acho que o amor
É a ausência de engarrafamento
As coisas que eu sei de mim
Tentam vencer a distância
E é como se aguardassem feridas
Numa ambulância
As pobres coisas que eu sei
Podem morrer, mas espero
Como se houvesse um sinal
Sem sair do amarelo
*Toots Thielemans - Nascido na Bélgica, em 1922, Baron Jean-Baptiste Frédéric Isidor "Toots" Thielemans começou a tocar gaita como um hobby: seu primeiro instrumento, ainda quando criança, foi o acordeom. Passou a tocar violão depois que ganhou um em uma aposta. Apesar de particularmente conhecido pelo som de sua gaita e assovio, sua reputação surgiu ainda como violonista. Era ídolo de Django Reinhardt, que teve forte influência em sua formação musical.
Músico de técnica virtuosa e original, Toots Thielemans introduziu a gaita de boca como instrumento de jazz. Segundo a AllMusic Guide, “nenhum outro gaitista surgido entre os anos 50 até hoje pode ser comparado ao seu estilo e genialidade: ele toca a gaita com a destreza de um saxofonista”. Em 1950, após uma turnê européia com Benny Goodman, Thielemans ganhou reconhecimento internacional. Mudou-se para os Estados Unidos, tornando-se membro do Charlie Parker's All Stars do George Shearing Quintet.
Thielemans tem uma discografia extensa e realizou jam sessions com Sidney Bechet, Charlie Parker, Miles Davis, Max Roach e outros grandes nomes do jazz.
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Sinal Fechado
(Paulinho da Viola)
Intérpretes: Chico Buarque
Paulinho da Viola
_ Olá, como vai?
_ Eu vou indo e você, tudo bem?
_ Tudo bem eu vou indo,
Correndo, pegar meu lugar
No futuro, e você?
_ Tudo bem eu vou indo
Em busca de um sono tranqüilo,
Quem sabe?
_ Quanto tempo...
_ Pois é, quanto tempo...
_ Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios
_ Qual, não tem de quê
Eu também só ando a cem
_ Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
_ Pra semana, prometo, talvez nos vejamos
Quem sabe?
_ Quanto tempo...
_ Pois é, quanto tempo...
_ Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
_ Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge à lembrança
_ Por favor, telefone, eu preciso beber
Alguma coisa, rapidamente
_ Pra semana
_ O sinal
_ Eu procuro você
_ Vai abrir, vai abrir
_ Eu prometo não esqueço
_ Por favor, não esqueça, não esqueça
_ Adeus
_ Adeus
Transversal do Tempo foi um espetáculo inesquecível, para quem naquela época viveu! Essa letra não deixa por menos. Elis então...sublime! (sou suspeitíssimo para falar dela)
Sinal fechado é também muito boa, além de seu toque extremamente dramatical - não tem como não imaginar uma cena no trânsito, correria e tudo mais....coisas do Chico!
(mas prefiro a versão do dueto com Maria Bethânia, ao invês de Paulinho da Viola, pois caracteriza mais a diferença das personagens)
Bjão
:-]
bjão,
Clé
Lindas escolhas.
Quanto ao meu pai, vou postar uma coisa sobre isso...tem outro cara que se parece mais com ele, beijos.
Aguardarei o seu post.
Paulinho te deprime? Por que? Desencontros...?
bjo,
Clé
bjo,
Clé
Bom te ver por aqui, faz tempo que não vinha, volte sempre!
bjo,
Clé
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