terça-feira, março 06, 2007

 

Saudade do Brasil (II)



Adriana é outra blogueira brasileira que vive na Espanha, em La Coruña (perto de Santiago de Compostela). Sua característica é enviar, a todos aqueles a quem escreve, beijos & abraços “do outro lado do oceano”. Escreveu, inclusive, um post sobre isto, recentemente, em seu blog. Assim como a Thelma, saudosa do Brasil, enviei algumas letras de músicas a ela e gostaria, agora, de deixar melodia & voz...





Na volta que o mundo dá
Vicente Barreto & Paulo César Pinheiro


Um dia eu senti um desejo profundo
De me aventurar nesse mundo
Pra ver onde o mundo vai dar

Saí do meu canto na beira do rio
E fui prum convés de navio
Seguindo pros rumos do mar

Pisei muito porto de língua estrangeira
Amei muita moça solteira
Fiz muita cantiga por lá

Varei cordilheira, geleira e deserto
O mundo pra mim ficou perto
E a terra parou de rodar

Com o tempo
Foi dando uma coisa em meu peito
Um aperto difícil da gente explicar

Saudade, não sei bem de quê
Tristeza, não sei bem porquê
Vontade até sem querer de chorar

Angústia de não se entender
Um tédio que a gente nem crê
Anseio de tudo esquecer e voltar

Juntei os meus troços num saco de pano
Telegrafei pro meu mano
Dizendo que ia chegar

Agora aprendi porque o mundo dá volta
Quanto mais a gente se solta
Mais fica no mesmo lugar



Bye-bye, Brasil
Roberto Menescal & Chico Buarque/1979
[Para o filme “Bye-bye Brasil”, de Carlos Diegues]

Oi, coração
Não dá pra falar muito não
Espera passar o avião
Assim que o inverno passar
Eu acho que vou te buscar
Aqui r fazendo calor
Deu pane no ventilador
Já tem fliperama em Macau
Tomei a costeira em Belém do Pará
Puseram uma usina no mar
Talvez fique ruim pra pescar
Meu amor

No Tocantins
O chefe dos parintintins
Vidrou na minha calça Lee
Eu vi uns patins pra você
Eu vi um Brasil na tevê
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo tão só
Oh, tenha dó de mim
Pintou uma chance legal
Um lance lá na capital
Nem tem que ter ginasial
Meu amor

No Tabariz
O som é que nem os Bee Gees
Dancei com uma dona infeliz
Que tem um tufão nos quadris
Tem um japonês trás de mim
Eu vou dar um pulo em Manaus
Aqui r quarenta e dois graus
O sol nunca mais vai se pôr
Eu tenho saudades da nossa canção
Saudades de roça e sertão
Bom mesmo é ter um caminhão
Meu amor

Baby, bye-bye
Abraços na mãe e no pai
Eu acho que vou desligar
As fichas já vão terminar
Eu vou me mandar de trenó
Pra Rua do Sol, Maceió
Peguei uma doença em Ilhéus
Mas já tô quase bom
Em março vou pro Ceará
Com a benção do meu orixá
Eu acho bauxita por lá
Meu amor

Bye-bye, Brasil
A última ficha caiu
Eu penso em vocês night and day
Explica que tá tudo okay
Eu só ando dentro da lei
Eu quero voltar, podes crer
Eu vi um Brasil na tevê
Peguei uma doença em Belém
Agora já tá tudo bem
Mas a ligação por no fim
Tem um japonês trás de mim
Aquela aquarela mudou
Na estrada peguei uma cor
Capaz de cair um toró
Estou me sentindo um jiló
Eu tenho tesão é no mar
Assim que o inverno passar
Bateu uma saudade de ti
Tô a fim de encarar um siri
Com a benção de Nosso Senhor
O sol nunca mais vai se pôr



Querelas do Brasil
Maurício Tapajós & Aldir Blanc


O Brazil não conhece o Brasil
O Brasil nunca foi ao Brazil
Tapi, jabuti, liana, alamandra, alialaúde
Piau, ururau, aquiataúde
Piau, carioca, moreca, meganha
Jobim akarare e Jobim açu
Oh, oh, oh
Pererê, camará, gororô, olererê
Piriri, ratatá, karatê, olará

O Brazil não merece o Brasil
O Brazil tá matando o Brasil
Gereba, saci, caandra, desmunhas, ariranha, aranha
Sertões, guimarães, bachianas, águas
E marionaíma, ariraribóia
Na aura das mãos do jobim açu
Oh, oh, oh
Gererê, sarará, cururu, olerê
Ratatá, bafafá, sururu, olará

Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Tinhorão, urutú, sucuri
O Jobim, sabiá, bem-te-vi
Cabuçu, cordovil, Caxambi, olerê
Madureira, Olaria e Bangu, olará
Cascadura, Água Santa, Pari, olerê
Ipanema e Nova Iguaçu, olará
Do Brasil S.O.S. ao Brasil
Do Brasil S.O.S. ao Brasil



Brasil pandeiro
Assis Valente

Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha e pedi à padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, pendura a saia que eu quero ver
Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar
O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato
Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou a batucada de Ioiô e Iaiá

Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros
Que nós queremos sambar
Há quem cambe diferente, noutras terras, outra gente
Um batuque de matar
Batucada, reuni vossos valores, pastorinhas e cantores
Expressões que não tem par, oh meu Brasil, Brasil
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros
Que nós queremos sambar



Aquarela do Brasil
Ary Barroso (1939)

Brasil
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, pra mim
Pra mim, pra mim
Ah, abre a cortina do passado
Tira a Mãe Preta do cerrado
Bota o Rei Congo no congado
Brasil, pra mim
Pra mim, Brasil
Deixa cantar de novo o trovador

À merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver a Sá Dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil, pra mim
Pra mim, Brasil
Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil, verde que dá
Para se admirar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, pra mim
Pra mim, pra mim
Oh, esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil, pra mim
Pra mim, Brasil
Ah, ouve essas fontes murmurantes

Ah, onde eu mato minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah, este Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Pra mim, Brasil
Brasil, pra mim



Tanto mar
Chico Buarque
1975
(primeira versão)*


Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

*Letra original, vetada pela censura; gravação editada apenas em Portugal, em 1975.


Tanto mar
Chico Buarque
1978
(segunda versão)


Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim

Esta última foi difícil escolher uma só versão... (da Elis, antológica; do MPB4 & Quarteto em Cy, emocionante; da Vânia Bastos, com acompanhamento de cordas, arranjo & regência de Francis Hime, sensível, tocante)




Sabiá
Tom Jobim & Chico Buarque/1968


Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer

Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá

Beijo, abraço & carinho, Adriana, do lado de cá do oceano...


Link Caminho de Santiago de Compostela:
http://www.santiago.com.br/toc.htm



Comments:
Clélia, se eu conheço a minha amiga...ela vai adorar isso.;0)
 
É o qu'eu espero, Vivien...
 
Cleli, muito obrigado pela delicadeza e por entender o que e saudades...adoraria te conhecer, espero qdo for ao Brasil novamente a Vivien nos apresente...sua sensibilidade e impar....as vezes tenho a sensaçao que sentes essa saudades como se fosse sua...

Muito obrigado, ouvi todas e gravei em um cd para poder ouvir sempre que quero. E no post da Vivien pusiste uma cançao chamada Gabriel , eu guardei pois tenho um filho chamado Gabriel...

Beijos imensos do outro lado do oceano
 
Que seleção INCRÍVEL!

Eu colocaria ainda mais uma: Canta Brasil, na interpretação da Gal.
 
E eu me lembrei, agora, também dessa:

Brasil
Cazuza, George Israel & Nilo Romero


Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homem armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes de eu nascer
Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito
É uma navalha

Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio
O nome do teu sócio
Confia em mim

Se pararmos pra pensar, surgirá mais uma porção!
 
Você conhece a melodia de Gabriel, Adriana? Quer qu'eu coloque no blog pra você?

Que bom que gostou...

bjos, de cá
Clélia
 
*



clélia, vc devia ser DJ.
tem trilha sonora pra tudo!



*
 
Pode ser uma, Sean...
 
Ela tem trilha sonora pra tudo. Sempre teve!
 
Bela seleção musical!
Obrigada pela visita nos Meus Escritos, volte sempre!
 
Voltarei, sim, Graziana... Bem-vinda aqui tb!
 
Já fui lá, novamente, e deixei mais alguns comentários... Dê uma olhada, Grazi.
 
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