terça-feira, fevereiro 20, 2007
Meu letrista preferido e seus parceiros
Mas Paulo César Pinheiro é um letrista realmente exemplar! E escolher algumas de suas canções, pra colocar no post, é deixar de lado uma porção de outras, todas ótimas. É, certamente, cometer injustiça, eu sei. Mas irei arriscar... Pra não sobrecarregar a página do blog, algumas canções poderão ser acessadas através de links.
Na volta que o mundo dá, com Vânia Abreu:
Na volta que o mundo dá
Vicente Barreto & Paulo César Pinheiro
Um dia eu senti um desejo profundo
De me aventurar nesse mundo
Pra ver onde o mundo vai dar
Saí do meu canto na beira do rio
E fui prum convés de navio
Seguindo pros rumos do mar
Pisei muito porto de língua estrangeira
Amei muita moça solteira
Fiz muita cantiga por lá
Varei cordilheira, geleira e deserto
O mundo pra mim ficou perto
E a terra parou de rodar
Com o tempo
Foi dando uma coisa em meu peito
Um aperto difícil da gente explicar
Saudade, não sei bem de quê
Tristeza, não sei bem porquê
Vontade até sem querer de chorar
Angústia de não se entender
Um tédio que a gente nem crê
Anseio de tudo esquecer e voltar
Juntei os meus troços num saco de pano
Telegrafei pro meu mano
Dizendo que ia chegar
Agora aprendi porque o mundo dá volta
Quanto mais a gente se solta
Mais fica no mesmo lugar
Anabela, com Mário Gil:
Anabela
Mario Gil & Paulo César Pinheiro
No porto de Vila Velha
Vi Anabela chegar
Olho de chama de vela
Cabelo de velejar
Pele de fruta cabocla
Com a boca de cambucá
Seios de agulha de bússola
Na trilha do meu olhar
Fui ancorando nela
Naquela ponta de mar
No pano do meu veleiro
Veio Anabela deitar
Vento eriçava o meu pelo
Queimava em mim seu olhar
Seu corpo de tempestade
Rodou meu corpo no ar
Com mãos de rodamoinho
Fez o meu barco afundar
Eu que pensei que fazia
Daquele ventre meu cais
Só percebi meu naufrágio
Quando era tarde demais
Vi Anabela partindo
Pra não voltar nunca mais
Não vim pra ficar, com Renato Braz:
Não vim pra ficar
Wilson das Neves & Paulo César Pinheiro
Não vim pra ficar
Não reserve um espaço no armário pra me acostumar
Não espere no horário, arrumada, na sala de estar
Não pretendo trazer minha vida pro seu bangalô
Não vim pra ficar
Não separe um cantinho pra eu ler o jornal no sofá
Não pergunte o que eu gosto, o que vai me fazer pro jantar
Me desculpe o mau jeito que é o jeito que eu sou
Não vim pra ficar
Não me guarde uma escova de dentes, não vou pernoitar
Não faz cópia da chave, não quero invadir o seu lar
Quero vir como sempre, feito um beija-flor
Não vim pra ficar
Não me põe monograma na fronha da gente deitar
Não pendure no tanque gaiola pro meu sabiá
Não faz do nosso encontro uma obrigação, por favor
Não vim pra ficar
Eu não quero assumir compromisso da gente juntar
Por enquanto, é melhor não mexer, deixe assim, como está
Vamos ver que destino vai ter nosso amor
O poder da criação, com Alcione:
O poder da criação
João Nogueira & Paulo César Pinheiro
Não, ninguém faz samba só porque prefere
Força nenhuma no mundo interfere
Sobre o poder da criação
Não, não precisa se estar nem feliz nem aflito
Nem se refugiar num lugar mais bonito
Em busca da inspiração
Não, ela é uma luz que chega de repente
Com a rapidez de uma estrela cadente
E acende a mente e o coração
É, faz pensar
Que existe uma força maior que nos guia
Está no ar
Vem no meio da noite ou no claro do dia
Chega a nos angustiar
E o poeta se deixa levar por essa magia
E um verso vem vindo e vem vindo uma melodia
E o povo começa a cantar!
Saudades da Guanabara, com Leny Andrade:
Saudades da Guanabara
Moacyr Luz, Aldir Blanc & Paulo César Pinheiro
Eu sei
Que o meu peito é lona armada
Nostalgia não paga entrada
Circo vive é de ilusão (eu sei...)
Chorei
Com saudades da Guanabara
Refulgindo de estrelas claras
Longe dessa devastação (...e então)
Armei
Pic-nic na Mesa do Imperador
E na Vista Chinesa solucei de dor
Pelos crimes que rolam contra a liberdade
Reguei
O Salgueiro pra muda pegar outro alento
Plantei novos brotos no Engenho de Dentro
Pra alma não se atrofiar (Brasil)
Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro
Três por quatro da foto e o teu corpo inteiro
Precisa se regenerar
Eu sei
Que a cidade hoje está mudada
Santa Cruz, Zona Sul, Baixada
Vala negra no coração
Chorei
Com saudades da Guanabara
Da Lagoa de águas claras
Fui tomado de compaixão (...e então)
Passei
Pelas praias da Ilha do Governador
E subi São Conrado até o Redentor
Lá no morro Encantado eu pedi piedade
Plantei
Ramos de Laranjeiras foi meu juramento
No Flamengo, Catete, na Lapa e no Centro
Pois é pra gente respirar (Brasil)
Brasil
Tira as flechas do peito do meu Padroeiro
Que São Sebastião do Rio de Janeiro
Ainda pode se salvar
O samba é meu dom, com Wilson das Neves:
O samba é meu dom
Wilson das Neves & Paulo César Pinheiro
O samba é meu dom
Aprendi bater samba
ao compasso do meu coração
De quadra, de enredo,
De roda na palma da mão
De breque, de partido-alto
E o samba-canção
O samba é meu dom
Aprendi dançar samba
Vendo o samba de pé no chão
No Império Serrano,
A escola da minha paixão
No terreiro, na rua, no bar,
Gafieira e salão
O samba é meu dom
Aprendi cantar samba
com quem dele fez profissão
Mário Reis, Vassourinha,
Ataulfo, Ismael, Jamelão
Com Roberto Silva, Sinhô
Donga, Ciro e João (Gilberto)
O samba é meu dom
Aprendi muito samba
Com quem sempre fez samba bom
Silas, Zinco, Aniceto, Anescar
Cachinê, Jaguarão
Zé-com-fome, Herivelto,
Marçal, Mirabeau, Henricão
O samba é meu dom
É no samba que eu vivo,
Do samba é que eu ganho
O meu pão
E é num samba
Que eu quero morrer
De baquetas na mão
Pois quem é de samba
Meu nome não esquece mais não
Canto das três raças, com Clara Nunes:
Canto das três raças
Mauro Duarte & Paulo César Pinheiro
Ninguém ouviu um soluçar de dor
No canto do Brasil.
Um lamento triste sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro e de lá cantou.
Negro entoou um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares, onde se refugiou.
Fora a luta dos inconfidentes
Pela quebra das correntes.
Nada adiantou.
E de guerra em paz, de paz em guerra,
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar,
Canta de dor.
E ecoa noite e dia: é ensurdecedor.
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador...
Esse canto que devia ser um canto de alegria
Soa apenas como um soluçar de dor
Espelho, com João Nogueira:
Espelho
João Nogueira & Paulo César Pinheiro
Nascido no subúrbio nos melhores dias
Com votos da família de vida feliz
Andar e pilotar um pássaro de aço
Sonhava ao fim do dia ao me descer cansaço
Com as fardas mais bonitas desse meu país
O pai de anel no dedo e dedo na viola
Sorria e parecia mesmo ser feliz
Eh, vida boa
Quanto tempo faz
Que felicidade!
E que vontade de tocar viola de verdade
E de fazer canções como as que fez meu pai
Num dia de tristeza me faltou o velho
E falta lhe confesso que inda hoje faz
E eu me abracei na bola e pensei ser um dia
Um craque da pelota ao me tornar rapaz
Um dia chutei mal e machuquei o dedo
E sem ter mais o velho pra tirar o medo
Foi mais uma vontade que ficou pra trás
Eh, vida à toa
Vai no tempo vai
E eu sem ter maldade
Na inocência de criança de tão pouca idade
Troquei de mal com Deus por me levar meu pai
E assim crescendo eu fui me criando sozinho
Aprendendo na rua, na escola e no lar
Um dia me tornei o bambambã da esquina
Em toda brincadeira, em briga, em namorar
Até que um dia eu tive que largar o estudo
E trabalhar na rua sustentando tudo
E assim sem perceber eu era adulto já
Eh, vida voa
Vai no tempo, vai
Ai, mas que saudade
Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade
E orgulho de seu filho ser igual seu pai
Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
Última forma, com Emílio Santiago:
Última forma
Baden Powell & Paulo César Pinheiro
É, como eu falei, não ia durar
Eu bem que avisei, pois é, vai desmoronar
Hoje ou amanhã um vai se curvar
E graças a Deus, não vai ser eu quem vai mudar
Você perdeu
E sabendo com quem eu lidei não vou me prejudicar
Nem sofrer, nem chorar, nem vou voltar atrás
Estou no meu lugar, não há razão pra se ter paz
Com quem só quis rasgar o meu cartaz
E agora, pra mim, você não é nada mais
E qualquer um pode se enganar
Você foi comum, pois é, você foi vulgar
O que é que eu fui fazer quando dispus te acompanhar
Porém pra mim você morreu
Você foi castigo que Deus me deu
Não saberei jamais se você mereceu perdão
Porque eu não sou capaz de esquecer uma ingratidão
E você foi uma a mais
E qualquer um pode se enganar
Você foi comum, pois é, você foi vulgar
O que é que eu fui fazer quando dispus te acompanhar
Porém pra mim você morreu
Você foi castigo que Deus me deu
E como sempre se faz, aquele abraço, adeus
E até nunca mais
Mordaça, com Eduardo Gudin, Paulo César Pinheiro & Márcia:
Mordaça
Eduardo Gudin & Paulo César Pinheiro
Tudo o que mais nos uniu separou
Tudo que tudo exigiu renegou
Da mesma forma que quis recusou
O que torna essa luta impossível e passiva
O mesmo alento que nos conduziu debandou
Tudo que tudo assumiu desandou
Tudo que se construiu desabou
O que faz invencível a ação negativa
É provável que o tempo faça a ilusão recuar
Pois tudo é instável e irregular
E de repente o furor volta
O interior todo se revolta
E faz nossa força se agigantar
Mas só se a vida fluir sem se opor
Mas só se o tempo seguir sem se impor
Mas só se for seja lá como for
O importante é que a nossa emoção sobreviva
E a felicidade amordace essa dor secular
Pois tudo no fundo é tão singular
É resistir ao inexorável
O coração fica insuperável
E pode em vida imortalizar
Cordilheira, com Simone:
Cordilheira
Sueli Costa & Paulo César Pinheiro
Eu quero ter a sensação das cordilheiras
Desabando sobre as flores inocentes e rasteiras
Eu quero ver a procissão dos suicidas
Caminhando para a morte pelo bem de nossas vidas
Eu quero crer na solução dos evangelhos
Obrigando os nossos moços ao poder dos nossos velhos
Eu quero ler o coração dos comandantes
Condenando os seus soldados pela orgia dos farsantes
Eu quero apenas ser cruel naturalmente
E descobrir onde o mal nasce e destruir sua semente
Eu quero ter a sensação das cordilheiras
Desabando sobre as flores inocentes e rasteiras
Eu quero ser da legião dos grandes mitos
Transformando a juventude num exército de aflitos
Eu quero ver a ascensão de Iscariotis
E no sábado um Jesus crucificado em cada poste
Eu quero ler na sagração dos estandartes
Uma frase escrita a fogo pelo punho de deus Marte
Desabando sobre as flores
Caminhando para a morte
Obrigando os nossos moços
Condenando os seus soldados
Transformado a juventude
Um Jesus crucificado
Eu quero ter a sensação das cordilheiras
Veneno, com Márcia: Veneno
Eduardo Gudin & Paulo César Pinheiro
Mas o que me faz chorar
É esse fel que você vive a destilar
É essa a paga cruel que você me dá
Só o melhor meu coração te ofereceu
Você cuspiu no prato que comeu
E o mal que isso me faz
Não esperava isso de você jamais
Eu não sabia que você podia ser capaz
De alguém pedir a mão e receber
Depois vingar em vez de devolver
Dei o manto pra quem vai me desnudar
E em meu canto abriguei quem vai me expulsar
Eu te dei de beber
No mesmo copo você vai me envenenar
Cicatrizes, com MPB4:
Cicatrizes
Miltinho & Paulo César Pinheiro
Amor que nunca cicatriza
Ao menos ameniza a dor
Que a vida não amenizou
Que a vida a dor domina
Arrasa e arruína
Depois passa por cima a dor
Em busca de outro amor
Acho que estou pedindo uma coisa normal
Felicidade é um bem natural
Uma, qualquer uma
Que pelo menos dure enquanto é carnaval
Apenas uma, qualquer uma
Não faça bem mas que também não faça mal
Não, meu coração precisa
Ao menos ameniza a dor
Que a vida não amenizou
Que a vida a dor domina
Arrasa e arruína
Depois passa por cima a dor
Em busca de outro amor
Acho que estou pedindo uma coisa normal
Felicidade é um bem natural
Uma, qualquer uma
Que pelo menos dure enquanto é carnaval
Apenas uma, qualquer uma
Não faça bem mas que também não faça mal
Velho piano, com Nana Caymmi:
Velho Piano
Dori Caymmi & Paulo César Pinheiro
Ah, o amor muda tanto
Parece que o encanto
O cotidiano desfaz
Feito um verso
Jogado num canto
De um velho piano
Que não toca mais
E ele estende seu manto
Feito um soberano
E vem como um santo
Mas parte profano
Parece um cigano
Não volta jamais
Ah, o amor causa espanto
O amor é o engano que traz
Desengano por trás
E, no entanto, todo ser humano
Por ele faz plano demais
Erra demais
Ah, é o amor barco tonto
Num vasto oceano
De riso e de pranto
De gozo e de dano
E como é mundano
Não pára no cais
E quando quer paz
É tarde demais
E lá se vão meus anéis, com Originais do Samba:
E lá se vão meus anéis
Eduardo Gudin & Paulo César Pinheiro
Lá se vão meus anéis, diz o refrão
Mas meus dedos são dez, duas mãos
E a mulher que tu és: oh, não!
Isso não são papéis não são
Não merece meus réis de pão
Mete os pés pelas mãos
Todos sabem que o meu coração
É uma casa aberta não sei porquê
Portas e janelas dão pra você
Dão, deram e darão
É por que a chave do meu coração
Somente o teu coração pode abrir
E lá vai meu coração por aí
Mas não perdoa não
E lá se vão meus anéis
Lá se vão meus anéis, outros virão
Nas primeiras marés encho as mãos
Mas me por a teus pés, oh, não!
Nem que fosse o que resta então
Nem que virem cruéis os bons
E infiéis os cristãos
Todos sabem que o meu coração
É uma casa aberta não sei porquê
Portas e janelas dão pra você
Dão, deram e darão
É por que a chave do meu coração
Somente o teu coração pode abrir
E lá vai meu coração por aí
Mas não perdoa não
E lá se vão meus anéis
Refém da solidão, com Elizeth Cardoso:
Refém da solidão
Baden Powell & Paulo César Pinheiro
Quem da solidão fez seu bem
Vai terminar seu refém
E a vida pára também
Não vai nem vem
Vira uma certa paz
Que não faz nem desfaz
Tornando as coisas banais
E o ser humano incapaz de prosseguir
Sem ter pra onde ir
Infelizmente eu nada fiz
Não fui feliz nem infeliz
Eu fui somente um aprendiz
Daquilo que eu não quis
Aprendiz de morrer
Mas pra aprender a morrer
Foi necessário viver
E eu vivi
Mas nunca descobri
Se essa vida existe
Ou essa gente é que insiste
Em dizer que é triste ou que é feliz
Vendo a vida passar
E essa vida é uma atriz
Que corta o bem na raiz
E faz do mal cicatriz
Vai ver até que essa vida é morte
E a morte é
A vida que se quer
Viagem, com Emílio Santiago (primeira composição de Paulo César Pinheiro, aos 15 anos):
Viagem
João de Aquino & Paulo César Pinheiro
Oh! tristeza me desculpe
Estou de malas prontas
Hoje a poesia
Veio ao meu encontro
Já raiou o dia
Vamos viajar
Vamos indo de carona
Na garupa leve
Do vento macio
Que vem caminhando
Desde muito longe
Lá do fim do mar
Vamos visitar a estrela
Da manhã raiada
Que pensei perdida
Pela madrugada
Mas que vai escondida
Querendo brincar
Senta nessa nuvem clara
Minha poesia
Anda se prepara
Traz uma cantiga
Vamos espalhando
Música no ar
Olha quantas aves brancas
Minha poesia
Dançam nossa valsa
Pelo céu que o dia
Faz todo bordado
De raio de sol
Oh! Poesia me ajude
Vou colher avencas
Lírios, rosas, dálias
Pelos campos verdes
Que você batiza
De jardins do céu
Mas pode ficar tranqüila
Minha poesia
Pois nós voltaremos
Numa estrela guia
Num clarão de lua
Quando serenar
Ou talvez até quem sabe
Nós só voltaremos
Num cavalo baio
No alazão da noite
Cujo o nome é Raio
Raio de Luar
vc deve dormir e acordar respirando música.
até já vi vc postar letras em comentários de outros blogs também.
confesso que não tenho essa sonoridade toda.
e o silêncio cada dia me seduz mais.
*
Ao contrário do que imagina, Sean, tb adoro o silêncio.
Sou quieta. Moro num lugar tranqüilo, silencioso, fico a maior parte do tempo sozinha, em casa (qdo falo, eventualmente, com meus gatos - atualmente, 3).
Trabalho com o computador. Escrever é meu meio de comunicação preferido, mais do que falar. Não gosto nem de telefone. Uso o celular apenas qdo necessário. Minha filha fica dependurada neles, conversando, horas a fio, com os amigos... Não consigo.
A música, qdo boa, não perturba o silêncio. Preenche-o, prazerosamente. Por isso gosto muito dela tb! São uma referência pra mim...
bjo,
Clélia
Lenine & Dudu Falcão
Solidão
O silêncio das estrelas
A ilusão
Eu pensei que tinha o mundo em minhas mãos
Como um deus, e amanheço mortal
E assim,
Repetindo os mesmos erros,
Dói em mim
Ver que toda essa procura não tem fim
E o que é que eu procuro afinal?
Um sinal,
Uma porta pro infinito,
O irreal
O que não pode ser dito,
Afinal
Ser um homem em busca de mais
Afinal
Como estrelas que brilham em paz
então somos parecidos nisso também: telefone é um mal necessário, nada além.
e só músia boa é capaz de quebrar com prazer meu silêncio.
mas moro em um lugar barulhento, muito, dia e noite.
ainda vou descobrir um nicho dentro de uma cidade grande em que não ouvir nada seja possível.
ê, que bom que a thelma bateu aqui.
ela é uma grande carinhosa amiga.
vc vai gostar de conversar com ela.
*
Numa cidade grande acho difícil, Sean. Só se for num bairro bem afastado...
Moramos, atualmente, no interior, em Valinhos (viemos do ABC). Aqui é bastante tranqüilo, a velocidade é menor, tempo & espaço têm uma outra dimensão...
ela é uma grande carinhosa amiga.
vc vai gostar de conversar com ela.
Gostei muito da visita da Thelma, que me viu no seu blog...
Mas música boa é, pra mim, tão ou mais prazeroso que o silêncio.
Silêncio & música são essenciais.
Grande letrista. Fez grandes obras. Gostei da sua seleção entre várias razões, mas principalmente porque ela inclui vários parceiros do cara. João Nogueira, Baden, das Neves, João de Aquino, Gudin, entre outros.
Agora, uma curiosidade. Não tenho certeza de quem me disse isso, mas ao analisar, parece claro. Em Saudades da Guanabara, a primeira parte tem a cara do Aldyr (Eu Sei que meu peito é uma lona armada...) e a segunda tem a cara do Paulinho (Eu sei que a cidade hoje está mudada...)
É ou não é?
Abraços!
Baú de Tranqueiras
16 Novembro 2006
Coisa perfeita
Não tenho nada contra poesia. Mas eu gosto mesmo é de letra de música. Meus letristas preferidos são Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro. Absolutamente empatados. Por isso, o supra-sumo do prazer, pra mim, é ouvir o samba Saudades da Guanabara, com letra dos dois sobre melodia do Moacyr Luz. A história desta música é ótima. Quem a contou foi o próprio Moacyr, num programa de televisão:
O samba tinha outra letra quando Moacyr mostrou pra Beth Carvalho, na esperança dela gravar. Beth gostou da melodia mas não gostou da letra. Ele, então, chamou Aldir e Paulinho Pinheiro em sua casa e cantou o samba. Falou que precisava de uma letra nova.
Acabou a cerveja. Como Aldir mora no mesmo prédio do Moacyr, foi em sua casa buscar mais. Quando voltou com as geladas na sacola, a primeira parte do samba já estava pronta. Paulinho, então, escreveu, na hora, a segunda parte, seguindo a mesma estrutura métrica e repetindo as rimas. Ficou assim:
Saudades da Guanabara
Eu sei
Que meu peito é uma lona armada
Nostalgia não paga entrada
Circo vive é de ilusão (eu sei...)
Chorei
Com saudades da Guanabara
Refulgindo de estrelas claras
Longe dessa devastação (... e então)
Armei
Pic-nic na Mesa do Imperador
E na Vista Chinesa solucei de dor
Pelos crimes que rolam contra a liberdade
Reguei
O Salgueiro pra muda pegar novo alento
E plantei novos brotos no Engenho de Dentro
Pra alma não se atrofiar (Brasil...)
Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro
Três por quatro da foto e o teu corpo inteiro
Precisa se regenerar
Eu sei
Que a cidade hoje está mudada
Santa Cruz, Zona Sul, Baixada
Vala negra no coração (chorei...)
Chorei
Com saudades da Guanabara
Da Lagoa de águas claras
Fui tomado de compaixão (... e então)
Passei
Pelas praias da Ilha do Governador
E subi São Conrado até o Redentor
Lá no morro Encantado eu pedi piedade
Plantei
Ramos de Laranjeiras foi meu juramento
No Flamengo, Catete, na Lapa e no Centro
Pois é pra gente respirar (Brasil...)
Brasil, tira as flechas do peito do meu Padroeiro
Que São Sebastião do Rio de Janeiro
Ainda pode se salvar
Pode existir coisa mais perfeita?
Como é que a Beth Carvalho iria recusar?
Não recusou. Gravou.
posted by Arnaldo at 21:41
abço,
Clélia
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