domingo, janeiro 14, 2007

 

VINÍCIUS (II)


Poema dos Olhos da Amada
Vinícius de Moraes & Paulo Soledade


Oh, minha amada
Que os olhos teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus...

Oh, minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...

Oh, minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.

[poema extraído do livro Antologia Poética de Vinícius de Moraes, José Olympio Editora, 12ª ed., 1975]






Este poema ganhou melodia de Paulo Soledade, em 1954. Entre tantas gravações existentes, há uma de Maria Bethânia, no disco Maria, de 1988, com Jeanne Moreau declamando em francês.





Este poema musicado foi gravado por Silvio Caldas, em 1957, no ótimo LP Serenata.






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