domingo, janeiro 07, 2007
O homem que odiava a segunda-feira
Então, um dia, também nossa sombra sumirá debaixo dos nossos pés e aí não restará mais nada. Nem sequer os pequenos, os grandes e os patéticos motivos que nos levam, todos os domingos, a odiar a segunda-feira – pobre dia símbolo de todos os nossos recalques, culpas e desilusões.”
Zezé Brandão
Texto extraído da contracapa de mais um livro de Ignácio de Loyola Brandão, O homem que odiava a segunda-feira [Global Editora, 1999].
orelhas:
Nas segundas-feiras, eu tenho uma fantasia: dobrar uma esquina errada, pegar uma rua errada, continuar por avenidas erradas e nunca chegar a lugar nenhum. (...)
Segunda-feira. Se for um feriado, a terça faz o mesmo papel. E pode ser a sexta, a quarta.
Não se pode ser feliz às segundas-feiras.
E, segundo Loyola, não se pode ser feliz nunca. A segunda-feira é só um pretexto.
Enfim, se algum dia formos felizes, seremos só seis dias felizes. Depois cinco, quatro, três, dois. Até não sobrar espaço algum para a felicidade.
Porque a segunda-feira, afinal, caia ela na segunda ou em outro dia qualquer, sempre nos lembrará obrigações, testamentos, promessas não cumpridas, compromissos que não queremos ter. (...)
Pegue uma rua errada e tente explicar que a segunda-feira é apenas um dia em que nunca deveríamos ter existido. E quando a segunda-feira for extinta, outros dias farão o papel desse dia nefasto. Assim, concluiremos que simplesmente não deveríamos existir em nenhum dia da semana, única maneira de evitar o ridículo das tragédias cotidianas.
O Loyola é pessimista?
Mas deliciosamente bem-humorado. A ponto de tornar a segunda-feira um dia útil, agradável e, sobretudo, surpreendente e cheio de possibilidades.
Zezé Brandão
bjo,
Clé
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