quinta-feira, janeiro 11, 2007
NERUDA (II)
CADERNOS DE TEMUCO
(41)
AMO A MANSIDÃO...
A mansidão eu amo e sempre que entro
pelos ermos umbrais da escuridão
abro os olhos para enchê-los
da doçura dessa paz.
A mansidão eu amo sobre todas
as coisas deste mundo.
Na quietude das coisas eu descubro
um canto enorme e mudo.
E quando elevo os olhos para o céu
no estremecer das nuvens eu encontro,
na ave que cruza o espaço e até no vento
a doçura que flui da mansidão.
[poema extraído do livro Cadernos de Temuco, de Pablo Neruda (1998 – Editora Bertrand Brasil)]