terça-feira, fevereiro 19, 2008

 

Caetano & Antonioni


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Quando vi, tempos atrás, esta caricatura do Bap, lembrei-me, logo, de uma passagem no livro de Gilda Mattoso: Assessora de encrenca [Ediouro, 2006], do qual falei, uma vez, aqui, no blog. Enviei a ele o trecho e o transcrevo agora também, pois acho que se completam...

04/10/2007

Brinde



(...) Esta ilustração foi feita para a edição de setembro da revista Gula. A matéria relembra o almoço em homenagem a Caetano Veloso oferecido pelo cineasta Michelangelo Antonioni em 2001. (...)

Escrito por
Baptistão às 14h22

Antonioni "Visione del silenzio..."

Caetano, como é do conhecimento de muitos, é um apaixonado por cinema em geral e por cinema italiano em especial. Mais particularmente ainda, por Fellini e Antonioni.

Nos anos 1980, teve o privilégio de conhecer Antonioni aqui no Rio, na casa de Júlio Bressane. Encontrou-se de novo com ele, em outra ocasião, na casa de Cacá Diegues.

O emblemático diretor correspondeu ao seu carinho e recomendou-lhe que, quando fosse à Itália, não deixasse de procurá-Io. E assim passamos a fazer: para todos os shows em Roma, Enrica e Michelangelo eram convidados mais que especiais.

Em 2000, para seu CD Noites do Norte, Caetano compôs uma canção com o nome do diretor e escreveu a letra em italiano, que diz:

Visione del silenzio
Angolo vuoto
Pagina senza parola
Una lettera scritta sopra un viso
Di pietra e vapore
Amore
lnutile finestra


("Visão do silêncio/ângulo vazio/página sem palavra/uma carta escrita sobre um rosto/de pedra e vapor/amor/inútil janela.")
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É a cara dos filmes de Antonioni. Mandamos logo a gravação para ele e soubemos por Enrica que ele ficou profundamente tocado com a homenagem. Pois bem, não por acaso, Caetano foi indicado para receber o prêmio Michelangelo Antonioni, dado por um grupo de intelectuais e artistas italianos, amigos do diretor, que formam uma confraria chamada Kybalion. Na edição anterior, haviam contemplado o coreógrafo japonês Kasuo Ohno. A entrega do prêmio acontece sempre em data próxima ao aniversário de Antonioni (29 de setembro), e o premiado deve fazer uma apresentação, ou uma exposição, se for artista plástico.

Fomos para a Itália uma semana antes da entrega do prêmio e nos instalaram num hotel antiqüíssimo e pitoresco chamado II Vecchio Molino, localizado entre Assis, onde aconteceriam a entrega e o show de Caetano, e Trevi, cidade onde Enrica e Antonioni têm casa de campo. Nossos anfitriões foram Marisella e Alberto Zanmatti, ela jornalista e apresentadora da RAI, e ele, arquiteto renomado. O casal também tem casa na região, os dois são amicíssimos dos Antonioni e fazem parte da tal confraria que escolhe os premiados. O prêmio é uma escultura do artista norte-americano Sol Lewitt, também amigo da turma toda.

Mal chegamos ao hotel, Caetano subiu para descansar e eu fiquei conversando um pouco com Marisella, que logo me mostrou um plano para nossa estada com eles. Arrepiei-me, pois a programação começava quase todos os dias às 11h. Delicadamente, expliquei-lhe o problema da insônia de Caetano, sobretudo quando não está em casa, depois de uma viagem de avião, com frio, etc. Que esse problema vinha da infância, conforme me explicara sua mãe, dona Canô. Enfim, falei-lhe que o dia de Caetano começava – com boa vontade – lá pelas 15/16h. Ela disse que não tinha problema, mas que queria então que eu fosse almoçar na casa deles para conhecer melhor seu marido, Alberto. Como de hábito, deixei um bilhete sob a porta do quarto de Caetano com todos os telefones de contato e dizendo meus passos para ele, caso precisasse de mim. Mal saímos do hotel, já na estradinha, tocou o celular de Marisella. Era Caetano dizendo que tinha resolvido não dormir, que queria ir conosco. Fiquei surpresa. Demos meia-volta e fomos buscá-Io no hotel. Lá chegando, pedi a ele que confirmasse o que eu dissera, para ela não pensar que eu era louca ou mentirosa.

Antes de chegarmos à charmosa casa dos Zanmatti, ela parou num dos lugares mais lindos que já vi em minha vida: Le Fonti deI Clituno, uma espécie de lago formado pelas águas do rio Clituno, cheio de plantas aquáticas e cercado de salice piangente (salgueiro chorão, árvore linda e de nome igualmente lindo nas duas línguas!). No caminho, Marisella foi logo dizendo que não havia feito nada de especial para o almoço. Disse a ela que isto é o melhor da Itália. Chegamos à casa, que tem uma vista lindíssima da região Umbria. Alberto, o marido de Marisella, era tão simpático quanto ela. Instalamo-nos e fui ajudá-Ia a pôr a mesa. Ela foi ao jardim e recolheu ervas perfumadíssimas, que jogou numa panela com o melhor azeite do mundo. Na entrada de Trevi, há um portal de cerca viva feita de oliveiras, onde se lê: Trevi, la capitale del olio. Misturou a massa caseira com os temperos e nos serviu acompanhada de uma salada também feita com produtos do quintal deles. Foi uma refeição simplíssima, mas dos deuses.

No dia seguinte, a programação tinha uma sessão do filme de Antonioni Passageiro, profissão repórter, cópia restaurada, com um magistral Jack Nicholson, que iam passar no Teatro Municipal de Trevi. Caetano assistiu ao filme, emocionado, sentado ao lado de Antonioni e Enrica. Depois, jantamos num restaurante simples e delicioso à beira do rio Clituno. No dia seguinte, seria o almoço de aniversário de Antonioni na casa deles.

Lá chegando, casa simples e linda cercada por muito verde, havia uns barmen no jardim preparando caipirinhas para convidados seletíssimos, entre os quais o impagável Tonino Guerra, roteirista dos filmes do diretor, dos de Fellini e de outras feras. Tomei a caipirinha e pensei que fosse uma sutil homenagem ao premiado do ano. Mas ao nos sentarmos à mesa (eram duas mesas de 16 lugares cada, uma cabeceira ocupada por Antonioni e outra por Enrica) havia um menu impresso, personalizado, com capa dura forrada de seda verde, e numerado, um para cada convidado (guardo o meu avaramente). Nele se lia: Pranzo di Gala per Caetano Veloso, a casa di Michelangelo Antonioni, nel giorno del suo compleanno. Trevi, 29 di Settembre di 2001. (Almoço de gala para Caetano Veloso, na casa de Michelangelo Antonioni, no dia de seu aniversário. Trevi, 29 de setembro de 2001.)

Portanto, muito mais do que apenas as caipirinhas, o almoço era também todo em homenagem a Caetano. Foi um banquete daqueles! Depois fomos descansar, pois à noite aconteceria o show em Assis. O espetáculo foi muito emocionante, pois Caetano misturou suas canções a algumas italianas, como "Luna rossa" (clássico napolitano de V. de Crescenzo e Antonio Viscione), "Come prima" (de Domenico Modugno e Tony Dallara), e, naturalmente, a sua "Michelangelo Antonioni". O homenageado foi às lágrimas, bem como quase todos na platéia.

No fim da apresentação, para não forçar Antonioni, que estava debilitado por conta de um derrame que afetou também – e sobretudo – a fala, Caetano desceu à platéia para receber o prêmio das mãos dele, de joelhos a seus pés, num gesto de grande elegância e humildade.
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[texto extraído do livro "Assessora de encrenca", Gilda Mattoso, Ediouro, 2006, pp. 90-93]


Michelangelo Antonioni (1912-2007)

Folha Online
31/07/2007 - 07h32

Morre aos 94 anos o diretor de cinema Michelangelo Antonioni
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da Efe, em Roma

O diretor de cinema italiano Michelangelo Antonioni, 94, morreu na noite desta segunda-feira, em Roma. De acordo com a agência italiana Ansa, Antonioni morreu às 20h (15h de Brasília), em sua casa, ao lado de sua mulher, Enrica Fico.

O corpo do diretor italiano será velado nesta quarta-feira na Prefeitura de Roma e depois será levado para a sua cidade natal, Ferrara, no norte da Itália.

Diretor Michelangelo Antonioni morreu ontem em Roma aos 94 anos; veja galeria de imagens “Com Antonioni desaparece não só um dos nossos maiores diretores, mas também um mestre do cinema moderno. Graças a ele chegaram à grande tela as problemáticas mais duras do mundo contemporâneo, como a falta de comunicação e a angústia”, disse o prefeito de Roma, Walter Veltroni.

Antonioni despontou na cinematografia italiana com uma forma original de fazer filmes com “Crimes da Alma” (Cronaca di un Amore, 1950). Em 1960, rodou “A Aventura”, que receberia o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes.

Entre suas musas, destacou-se Monica Vitti, estrela de ‘A Aventura”, “A Noite” (1960) e “O Eclipse” (1962).

Em seguida vieram “O Dilema de Uma Vida” (Deserto Rosso, 1964) e seu período americano, com “Depois Daquele Beijo” (Blow-up, 1966), “Zabriskie Point” (1970) e “Profissão: Repórter” (1974).

Outra de suas obras foi realizada com o alemão Wim Wenders, “Além das Nuvens” (Al di là Delle Nuvole, 1995). O filme se baseia num livro do cineasta italiano.

Com “Blow Up”, seu primeiro filme em inglês, recebeu a indicação para o Oscar de melhor diretor. Mas só recebeu a estatueta dourada em 1995, num prêmio por toda a sua carreira.
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[http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u316401.shtml]

Estadão Online
Terça-feira, 31 de julho de 2007, 06:32

Cineasta Michelangelo Antonioni morre na Itália aos 94 anos
Em carreira de seis décadas, autor lançou clássicos como 'Blow-up - Depois Daquele Beijo' e 'A Aventura'

Agências internacionais
Reuters

Corpo de Antonioni será velado nesta terça-feira

ROMA – Michelangelo Antonioni, um dos cineastas mais famosos e influentes da Itália, morreu aos 94 anos, informaram nesta terça-feira, 31, autoridades municipais de Roma. As causas não foram divulgadas, mas segundo declaração da esposa do diretor, a atriz Enrica Fico, ao jornal “La Repubblica”, ele morreu tranqüilamente em sua casa, em Ferrara, na noite de segunda-feira.

Considerado o pai cinematográfico da alienação e angústia modernas, Antonioni teve uma carreira de seis décadas, que incluiu clássicos como “Blow-up - Depois Daquele Beijo” e “A Aventura”.

“Com Antonioni, não se perdeu somente um dos maiores diretores vivos, mas também um mestre da tela moderna”, afirmou o prefeito de Roma, Walter Veltroni. Antonioni morreu no mesmo dia em o cinema perdeu o lendário diretor sueco Ingmar Bergman, aos 89 anos.

Os filmes deliberadamente lentos e oblíquos de Antonioni nem sempre agradavam ao público, mas obras como A Aventura tornaram-no um ícone entre diretores como o norte-americano Martin Scorsese, que o descrevia como um poeta com uma câmera.

Início da carreira

Antonioni nasceu em 29 de setembro de 1912 na cidade de Ferrara, no norte da Itália. Ele começou a carreira de cineasta como crítico, criticando ferozmente as comédias italianas da década de 30. Na década de 40, cursou a Escola Nacional de Cinema da Itália e se tornou roteirista, colaborando com diretores como Roberto Rossellini e Enrico Fulchignoni.

Na região onde nasceu, realizou seu primeiro documentário, “A Gente do Pó”, finalizado em 1947. Após a 2ª Guerra Mundial, trabalhou como roteirista em “Trágica Perseguição”, de Giuseppe de Santis (1946) e em “Abismo de um Sonho”, de Fellini (1952).

O primeiro filme de Antonioni foi “Crimes da Alma” (Cronaca di un Amore), em 1950, mas o reconhecimento internacional viria em 1960, com “A Aventura”, que ganhou o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes.

Depois de “A Aventura” vieram ‘O Eclipse’ (1962) que, entre outras coisas, estreitou sua ligação, pessoal e profissional, com a atriz Mônica Vitti, sua musa. “O Deserto Vermelho”, de 1964, também com Mônica como protagonista, marca a passagem do diretor para os filmes em cores.

Reconhecimento

Com “Blow-up - Depois Daquele Beijo” (1966), seu primeiro filme em inglês, foi indicado ao Oscar de melhor diretor. Mas só recebeu a estatueta em 1995, em um prêmio por toda a sua carreira. Falado em inglês e ambientado na agitada Londres dos anos 1960, o filme transformou-o em figura “Cult” para cinéfilos e cineastas.

Em seguida vieram “O Dilema de uma Vida” (1964) e “Zabriskie Point”, filmado nos Estados Unidos em 1970 e que mostra o movimento de contracultura no país. Outra de suas obras foi realizada em parceria com o alemão Wim Wenders, “Além das Nuvens” (1995). O filme se baseia em um livro do cineasta italiano.

Em 1983, o diretor sofreu um acidente vascular cerebral que o fez perder a fala. Seu corpo será velado nesta terça-feira e, depois, levado para Ferrara, sua cidade natal, onde na quinta-feira ocorrerá o enterro.

Confira sua filmografia:

2004 - Eros (Eros)
2004 - Lo Sguardo di Michelangelo
2001 - Il Filo Pericoloso Delle Cose
1995 - Além das Nuvens (Al Di là Delle Nuvole)
1993 - Noto, Mandorli, Vulcano, Stromboli, Carnevale
1989 - 12 Registri Per 12 Città
1989 - Kumbha Mela
1982 - Identificação de Uma Mulher (Identificazione Di una Donna)
1981 - O Mistério de Oberwald (Il Mistero di Oberwald)
1975 - Passageiro - Profissão: Repórter (Professione: Reporter)
1972 - China (Chung Kuo - Cina)
1970 - Zabriskie Point (Zabriskie Point)
1966 - Blow-up - Depois Daquele Beijo (Blow-up)
1965 - As Três Faces de Uma Mulher (I Tre Volti)
1964 - Deserto Vermelho (Il Deserto Rosso)
1962 - O Eclipse (L'eclisse)
1961 - A Noite (La Notte)
1960 - A Aventura (L'avventura)
1957 - Il Grido
1955 - As Amigas (Le Amiche)
1953 - Amores na Cidade (L'amore in Città)
1953 - Os Vencidos (I Vinti)
1953 - A Dama Sem Camélias (La Signora Senza Camelie)
1950 - La Funivia del Faloria
1950 - La Villa Dei Mostri
1950 - Crimes D'alma (Cronaca Di Un Amore)
1949 - L'amorosa Menzogna
1949 - Bomarzo
1949 - Regazze in Bianco
1949 - Sette Canne, Un Vestito
1949 - Superstizione
1948 - Nettezza Urbana
1948 - Oltre L'oblio
1948 - Roma-Montevideo
1943 - Gente del Po
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[http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art27527,0.htm]
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domingo, fevereiro 17, 2008

 

Renato Russo


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Ganhamos o CD Equilibrio distante (1995) da 1ª professora de piano da Cê, Tânia Bertassoli, uma querida e saudosa amiga (há tempos não nos vemos). Pra minha surpresa, apesar da voz do Renato Russo lembrar bastante a do Jerry Adriani, o que me incomoda, gostei das canções, interpretadas, em italiano, por ele. Deixo-as, então, aqui.

Obs.: Pra não sobrecarregar a página do blog, colocarei no formato de links. Pra ouvir, basta clicar no título de cada música e acionar o iJigg.

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1. Gente (A. Valsiglio, Cheope & M. Marati)

2. Strani amori (A. Valsigili, R. But, Cheope & M. Marati)

3. I venti del cuore (M. Bubola & P. Fabrizi)

4. Scrivimi (Nino Buonocuore)

5. Dolcissima Maria (Nino Buonocuore)

6. Lettera (A.Valsigilio, G.Salvatori, Cheope & M. Marati)

7. La solitudine (P. Cremonesi, A. Valsiglio & F. Carvalli)

8. Passerà (Aleandro Bald, Bigazz & Falagiani)

9. Wave/Come fa un’onda (Lulu Santos & Nelson Motta / Versão: Massiliano de Tomassi)

10. La forza della vita (P. Vallesi & Dati)

11. Due (Raf, Testa & Cheope)

12. Più o meno (Renato Zero)

13. La vita è adesso (Claudio Baglioni)

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quinta-feira, fevereiro 14, 2008

 

Raios & trovões


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O temporal que assolou a região (Campinas/Valinhos), no último final de semana, nos deixou sem conexão, por uns dias (moden & placas de rede do computador queimados).

Isso me fez lembrar um episódio, quando ainda morávamos no ABC, e, num final de tarde, eu ouvia o CD do
Renato Russo cantando em italiano, enquanto trabalhava no computador: Equilibrio distante (1995). A última faixa, “La vita è adesso”, traz, ao fundo, o som de trovões, anunciando uma tempestade. Ao ouvi-los, minha ajudante, na época, Cidinha, apressou-se em ir embora, pra não pegar a tal chuva pelo caminho. Concordei, claro, sem me dar conta que o disco é que trazia tal prenúncio. No dia seguinte, perguntei a ela sobre a chuva: _ Pois é, sabe que nem choveu?!? Rimos muito quando lhe contei o que ocorrera!

Procurando uma ilustração pra este post, descobri um blog cheio de fotos sobre o tema. Quem se interessar, aqui está o
link.

Gosto muito deste disco do Renato Russo. Depois, colocarei mais algumas canções dele aqui, pois o iJigg 'tá me dando o maior baile na conversão desta faixa... (já é minha 4ª tentativa!)
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La vita è adesso
Claudio Baglioni


La vita è adesso
Nel vecchio albergo della terra
E ognuno in una stanza
E in storia
Di mattini piú legerri
E cieli smarginati di speranza
E di silenzi da ascoltare
E ti sorprenderai a cantare
Ma non sai perché

La vita è adesso
Nei pomeriggi appena freschi
Che ti viene sonno
E le campane girano le nuvole
E piove sui capelli
E sopra i tavolini dei caffè all'aperto
E ti domandi incerto chi sei tu

Sei tu, sei tu, sei tu

Sei tu che spingi avanti il cuore
Ed il lavoro duro
Di essere uomo e non sapere
Cosa sarà il futuro
Sei tu, nel tempo che ci fa più grandi
E soli in mezzo al mondo
Con l'ansia di cercare insieme
Un bene più profondo

E un altro che ti dia respiro
E che si curvi verso te
Con una attesa di volersi di più
Senza capire cos'è
E tu che mi ricambi gli occhi
In questo instante immenso
Sopra il rumore della gente
Dimmi se questo ha un senso

La vita è adesso
Nell'aria tenera di un dopocena
E musi di bambini
Contro i vetri
E i prati che si lisciano come gattini
E stelle che si appicciano ai lampioni
Millioni
Mentre ti chiederai dove sei tu

Sei tu, sei tu, sei tu

Sei tu che porterai il tuo amore
Per cento e mille strade
Perchè non c'è mai fine al viaggio
Anche se un sogno cade
Sei tu che hai un vento nuovo tra le braccia
Mentre mi vieni incontro
E impanerai che per morire
Ti basterà un tramonto

In una gioia che fa male di più
Della malinconia
E in qualunque sera ti troverai
Non ti buttare via
E non lasciare andare un giorno
Per ritovar te stesso
Figlio di un cielo così bello
Perché la vita è adesso

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sábado, fevereiro 02, 2008

 

Post anunciado



Disse pro Arnaldo, em resposta a um comentário dele sobre as gravações de Iracema voou, com Bebel & Chico, que faria um post só com canções que gosto na voz dela:
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A mais bonita
(Chico Buarque/1989)

Intérpretes: Bebel & Chico
CD:
Chico Buarque (1989)

Não, solidão, hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristeza onde as outras penteiam mágoas
Deixo que as águas invadam meu rosto
Gosto de me ver chorar
Finjo que estão me vendo
Eu preciso me mostrar

Bonita
Pra que os olhos do meu bem
Não olhem mais ninguém
Quando eu me revelar
Da forma mais bonita
Pra saber como levar todos
Os desejos que ele tem
Ao me ver passar

Bonita
Hoje eu arrasei
Na casa de espelhos
Espalho os meus rostos
E finjo que finjo que finjo
Que não sei
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Nota sobre A mais bonita
Por Humberto Werneck

“Às vezes encontra esboços já esquecidos. Foi assim com A mais bonita (título escolhido para mexer com Tom Jobim, autor de Bonita), incluída no disco de 1989 e, pouco antes, na peça Suburbano coração, de Naum Alves de Souza. Em janeiro desse ano, precisando fazer música para a peça de Naum, e sem poder tocar violão, pois havia quebrado o braço no futebol, Chico pôs para tocar uma de suas fitas, gravada havia mais de três anos, e achou o esboço da canção, da qual não se lembrava mais. Ouviu-a, conta, como se ouvisse pela primeira vez uma composição de outra pessoa.”

© Copyright Humberto Werneck in Chico Buarque Letra e Música, Cia da Letras, 1989.
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[texto extraído do site do Chico
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Samba e amor
(Chico Buarque/1969)
Intérprete: Bebel Gilberto
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Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
Escuto a correria da cidade, que arde
E apressa o dia de amanhã

De madrugada a gente ainda se ama
E a fábrica começa a buzinar
O trânsito contorna a nossa cama, reclama
Do nosso eterno espreguiçar

No colo da bem-vinda companheira
No corpo do bendito violão
Eu faço samba e amor a noite inteira
Não tenho a quem prestar satisfação

Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito mais o que fazer
Escuto a correria da cidade, que alarde
Será que é tão difícil amanhecer?

Não sei se preguiçoso ou se covarde
Debaixo do meu cobertor de lã
Eu faço samba e amor até mais tarde
E tenho muito sono de manhã
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Preciso dizer que te amo
(Bebel Gilberto, Dé & Cazuza)
Intérpretes: Bebel &
Cazuza

Quando a gente conversa
Contando casos besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo (que medo...)
Eu preciso dizer que te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que te amo, tanto

E até o tempo passa arrastado
Só para eu ficar ao teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre, e acaba comigo
E nessa novela eu não quero
Ser teu amigo (que amigo!)
Que eu preciso dizer que te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Que eu preciso dizer que eu te amo, tanto
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. Mais Feliz
(Bebel Gilberto, Cazuza & Dé)
Intérprete: Bebel Gilberto
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O nosso amor não vai parar de rolar
De fugir e seguir como um rio
Como uma pedra que divide o rio
Me diga coisas bonitas

O nosso amor não vai olhar para trás
Desencantar nem ser tema de livro
A vida inteira eu quiz um verso simples
Prá tranformar o que eu digo

Rimas fáceis, calafrios
Fura o dedo, faz um pacto comigo
Um segundo seu no meu
Por um segundo mais feliz


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Sempre implico com gravações que deturpam a melodia de uma canção e também com cantores que erram as letras das músicas (quando poderiam muito bem pesquisá-las, estudá-las, decorá-las ou até lê-las, na hora de gravá-las em estúdio). Neste caso, no CD Tanto tempo (2000), no qual Bebel gravou Samba e amor e Mais feliz, há uma versão de Samba da Benção, que me desagradou, de início, mas, com o tempo, acabei me acostumando e até gostando dela:
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Samba da Bênção
(Baden Powell & Vinicius de Moraes)
Intérprete: Bebel Gilberto

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não

Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração

Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração




Não resisto e coloco também a versão antológica, cantada e declamada por Vinicius, acompanhado pelo violão do Baden:
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.Samba da Bênção
(Baden Powell & Vinicius de Moraes)

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não

Senão, é como amar uma mulher só linda
E daí?
Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão


Fazer samba não é contar piada
Quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração

Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não

Feito essa gente que anda por aí,
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro!
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
Duas mesmo, que é bom,
Ninguém vai me dizer que tem
Sem provar, muito bem provado,
Com certidão passada em cartório do céu
E assinado embaixo: Deus.
E com firma reconhecida!
A vida não é brincadeira, amigo
A vida é a arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
Há sempre uma mulher à sua espera
Com os olhos cheios de carinho
E as mãos cheias de perdão
Ponha um pouco de amor na sua vida
Como no seu samba


Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

Eu, por exemplo, o capitão do mato
Vinicius de Moraes
Poeta e diplomata
O branco mais preto do Brasil
Na linha direta de Xangô, saravá!
A bênção, Senhora
A maior ialorixá da Bahia
Terra de Caymmi e João Gilberto
A bênção, Pixinguinha
Tu que choraste na flauta
Todas as minhas mágoas de amor
A bênção, Sinhô, a benção, Cartola
A bênção, Ismael Silva
Sua bênção, Heitor dos Prazeres
A bênção, Nelson Cavaquinho
A bênção, Geraldo Pereira
A bênção, meu bom Cyro Monteiro
Você, sobrinho de Nonô
A bênção, Noel, sua bênção, Ary
A bênção, todos os grandes
Sambistas do Brasil
Branco, preto, mulato
Lindo como a pele macia de Oxum
A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim
Parceiro e amigo querido
Que já viajaste tantas canções comigo
E ainda há tantas por viajar
A bênção, Carlinhos Lyra
Parceiro cem por cento
Você que une a ação ao sentimento
E ao pensamento
A bênção, a bênção, Baden Powell
Amigo novo, parceiro novo
Que fizeste este samba comigo
A bênção, amigo
A bênção, maestro Moacir Santos
Que não és um só, és tantos como
O meu Brasil de todos os santos
Inclusive meu São Sebastião, saravá!
A bênção, que eu vou partir
Eu vou ter que dizer adeus


Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração
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